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Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia

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<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 21<br />

presentações, de conceitos e juízos inteiramente determinados. Sem<br />

eles, sem este a<strong>para</strong>to de pensamentos, não pode chamar-se ao sentir<br />

presente nem "esperança"nem "melancolia", pois só ele os torna tais.<br />

Se dele se abstrair, permanece uma emoção indefini<strong>da</strong>, quando muito,<br />

a sensação de um vago bem-estar ou incómodo. O amor não é concebível<br />

sem a representação de uma personali<strong>da</strong>de ama<strong>da</strong>, individual,<br />

sem o desejo e o anelo <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> exaltação, <strong>da</strong> posse do objecto.<br />

O que o transforma em amor não é a índole <strong>da</strong> mera moção anímica,<br />

mas o seu cerne conceptual, o seu conteúdo real e histórico. Segundo<br />

a sua dinâmica, tanto pode ser suave como arrebatador, apresentar-se<br />

ou como alegre ou como doloroso, e sempre permanece amor. Esta<br />

simples observação basta <strong>para</strong> demonstrar que a música consegue expressar<br />

unicamente esses diversos adjectivos acompanhantes, nunca o<br />

substantivo, o próprio amor. <strong>Um</strong> sentimento determinado (uma paixão,<br />

um afecto) nunca existe como tal sem um conteúdo real, histórico,<br />

que se pode expor apenas mediante conceitos. Como se reconhece,<br />

a música, enquanto "linguagem indetermina<strong>da</strong>", não pode reproduzir<br />

conceitos – não é então psicologicamente irrefutável a dedução de que<br />

também não consegue expressar sentimentos específicos? É que a especifici<strong>da</strong>de<br />

dos sentimentos radica precisamente no seu cerne conceptual.<br />

Mais adiante, ao falar-se <strong>da</strong> impressão subjectiva <strong>da</strong> música, queremos<br />

in<strong>da</strong>gar como é possível que ela consiga (mas não tenha de)<br />

despertar sentimentos como melancolia, alegria e quejandos. Aqui importava<br />

apenas estabelecer teoricamente se a música é, ou não, capaz<br />

de representar um sentimento determinado. A tal questão havia que<br />

responder negativamente, já que a especifici<strong>da</strong>de dos sentimentos não<br />

se pode se<strong>para</strong>r de representações e de conceitos concretos que ficam<br />

fora do âmbito configurador <strong>da</strong> música. – A música, pelo contrário,<br />

com os seus peculiaríssimos meios, pode representar de modo substancial<br />

um certo domínio de ideias. Tais são, em primeiro lugar, to<strong>da</strong>s<br />

as ideias que se referem a modificações audíveis do tempo, <strong>da</strong> força,<br />

<strong>da</strong>s proporções, portanto as ideias do crescimento, do esmorecer, <strong>da</strong><br />

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