Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia
Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia
Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 9<br />
os raios <strong>da</strong> sua operação e assinala os limites do juízo sobre a música<br />
através dos seus.<br />
b) Os sentimentos não são o fim <strong>da</strong> música<br />
A música – assim nos ensinam – não pode entreter o entendimento<br />
por meio de conceitos, como a poesia, nem também o olho mediante<br />
formas visíveis, como as artes plásticas, terá portanto a vocação de<br />
actuar sobre os sentimentos do homem. "A música tem a ver com os<br />
sentimentos."Este "ter a ver"é uma <strong>da</strong>s expressões características <strong>da</strong><br />
estética musical até agora existente. Mas em que consista a ligação<br />
<strong>da</strong> música com os sentimentos, de determina<strong>da</strong>s peças musicais com<br />
determinados sentimentos, segundo que leis naturais ela actue, segundo<br />
que leis artísticas se deva configurar, a tal respeito deixam-nos de todo<br />
às escuras os que com isto "têm a ver."Se o olho se habituar um pouco<br />
a tal escuridão, consegue-se descobrir que os sentimentos, na intuição<br />
musical predominante, desempenham um duplo papel.<br />
Primeiramente, propõe-se como fim e missão <strong>da</strong> música suscitar<br />
sentimentos ou "sentimentos belos". Em segundo lugar, apontam-se os<br />
sentimentos como o conteúdo que a arte sonora exibe nas suas obras.<br />
Ambas as asserções têm a similari<strong>da</strong>de de tanto uma como a outra<br />
ser falsa.<br />
A primeira não deve ocupar-nos por muito tempo, pois a filosofia<br />
mais recente há muito refutou o erro de que o fim de algo belo reside<br />
em geral numa certa tendência <strong>para</strong> o sentir dos homens. O belo tem<br />
em si mesmo o seu significado, é certamente belo apenas <strong>para</strong> o deleite<br />
de um sujeito <strong>da</strong> intuição, mas não graças a ele próprio. Tal como a<br />
serpente nos contos de Goethe, ele completa o seu círculo apenas em<br />
si, despreocupado com a força mágica com que até o morto revive. O<br />
belo limita-se a ser belo, embora admita igualmente que nós, além do<br />
intuir – a activi<strong>da</strong>de propriamente estética – também façamos algo de<br />
supérfluo no sentir e no percepcionar.<br />
www.lusosofia.net<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐