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Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia

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<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 73<br />

ção, já se encontra num estado, se bem que inferior, <strong>da</strong> compreensão<br />

estética.<br />

Que é que to<strong>da</strong>s estas obras médico-musicais proporcionam ao conhecimento<br />

exacto <strong>da</strong> arte sonora? O facto (já manifesto pela sua simples<br />

existência) de uma forte excitação física, desde sempre observa<strong>da</strong>,<br />

de todos os “afectos” e “paixões” provocados pela música. Estabelecido<br />

uma vez que uma parte integrante <strong>da</strong> excitação anímica provoca<strong>da</strong><br />

pela música é física, deduz-se que tal fenómeno, enquanto ocorre essencialmente<br />

na nossa vi<strong>da</strong> nervosa, deve também ser investigado nesta<br />

sua vertente corpórea. O músico não pode, pois, formar <strong>para</strong> si uma<br />

convicção científica quanto a este problema, sem tomar conhecimento<br />

dos resultados que, até agora, a fisiologia obteve na investigação do<br />

nexo entre a música e os sentimentos.<br />

Observemos, sem utilização do pormenor anatómico, o curso que<br />

uma melodia deve seguir <strong>para</strong> exercer influência sobre a nossa disposição<br />

anímica. Os sons afectam, antes de mais, o nervo acústico. A<br />

fisiologia, em ligação com a anatomia e a acústica, revela as condições<br />

sob as quais o nosso ouvido pode, ou não, percepcionar um som, quantas<br />

vibrações do ar são necessárias <strong>para</strong> um som perceptível mais agudo<br />

ou mais grave, com que intensi<strong>da</strong>de e rapidez estas explosões se propagam<br />

ao nervo acústico. A estética deve pressupor estes conhecimentos<br />

e outros semelhantes aqui referidos. É incumbência sua não o som que<br />

nasce, mas o já pronto, percepcionado pelo ouvido, e este só em ligação<br />

com outros. O caminho desde o instrumento vibrante até ao nervo acústico,<br />

de todo no interesse estético, está assaz eluci<strong>da</strong>do, embora já aqui<br />

surja como obstáculo a dificul<strong>da</strong>de de não podermos realizar experiências<br />

com o ouvido humano e tenhamos de nos contentar com aparelhos<br />

acústicos 16 . Mas ain<strong>da</strong> não se encontra eluci<strong>da</strong>do o processo pelo qual<br />

a série sonora percebi<strong>da</strong>, que gera prazer ou desprazer, se torna sentimento.<br />

A fisiologia sabe que o que percepcionamos como som é um<br />

16 “As partes internas do ouvido são tão pequenas e escondem-se tão profun<strong>da</strong>mente<br />

na proximi<strong>da</strong>de imediata dos instrumentos vitais essenciais que não é possível<br />

empreender neles quaisquer experimentos.” G. Valentin, Physiologie I, 3, 2 a edição<br />

www.lusosofia.net<br />

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