Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia
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76 Eduard Hanslick<br />
por impressões auditivas pode ain<strong>da</strong> ocorrer na fisiologia, mas relativamente<br />
à principal questão musical não é fácil que tal aconteça.<br />
A este respeito podem ter lugar as observações de dois dos mais<br />
subtis fisiólogos <strong>da</strong> actuali<strong>da</strong>de que, além disso, votam à música um<br />
interesse mais atento do que costumam fazer os homens desta ciência.<br />
Hr. Lotze diz, na sua Medicinische Psychologie (p. 273): “O estudo<br />
<strong>da</strong>s melodias levaria a admitir que na<strong>da</strong> sabemos sobre as condições<br />
em que a passagem do nervo de uma forma de excitação a outra<br />
proporciona um fun<strong>da</strong>mento físico aos poderosos sentimentos estéticos<br />
que se seguem à variação dos sons.” Em segui<strong>da</strong>, sobre a impressão de<br />
prazer ou desprazer que até o som mais simples pode exercer sobre o<br />
sentimento (p. 236): ”É-nos de todo impossível aduzir justamente <strong>para</strong><br />
estas impressões de sensações simples um fun<strong>da</strong>mento fisiológico, pois<br />
é-nos demasiado desconheci<strong>da</strong> a direcção em que alteram a activi<strong>da</strong>de<br />
nervosa <strong>para</strong> dela conseguirmos derivar a grandeza do auxílio ou perturbação<br />
que experimenta.”<br />
E. Harletz, no Handwörterbuch der Physiologie de R. Wagner (24<br />
e 25 fascículo 1850), expressa-se também acerca <strong>da</strong>s condições de que<br />
deveria necessariamente partir uma solução <strong>da</strong> questão que nos ocupa:<br />
"Não é só o desconhecimento <strong>da</strong> função que as partes singulares do<br />
aparelho auditivo têm na conexão física, mas antes as condições gerais<br />
dos nervos e o seu nexo com os órgãos centrais na interrelação fisiológica,<br />
que tudo se encontra numa profun<strong>da</strong> obscuri<strong>da</strong>de.”<br />
Destes resultados fisiológicos nasce, <strong>para</strong> a estética <strong>da</strong> arte sonora,<br />
a consideração de que os teóricos que baseiam o princípio do belo na<br />
música nos seus efeitos sentimentais estão cientificamente extraviados,<br />
porque na<strong>da</strong> podem saber sobre a essência desta conexão; por conseguinte,<br />
a tal respeito só conseguem, quando muito, conjecturar ou tecer<br />
fantasias. <strong>Do</strong> ponto de vista do sentimento nunca pode derivar uma<br />
especificação artística ou científica <strong>da</strong> música. O crítico não fun<strong>da</strong>mentará<br />
o valor e o significado de uma sinfonia com a descrição <strong>da</strong>s<br />
moções subjectivas que o invadem na sua audição, nem pode ensinar<br />
algo aos adeptos <strong>da</strong> música tomando os afectos como ponto de parti<strong>da</strong>.<br />
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