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Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia

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74 Eduard Hanslick<br />

movimento molecular na substância nervosa, tanto no nervo acústico<br />

como nos órgãos centrais 17 . Sabe que as fibras do nervo auditivo se relacionam<br />

com outros nervos e lhes transmitem os seus estímulos, que a<br />

audição está sobretudo liga<strong>da</strong> ao cérebro, pequeno e grande, à laringe,<br />

aos pulmões e ao coração. Mas ignora-se o modo específico como a<br />

música impressiona os nervos, mais ain<strong>da</strong>, a diferença com que actuam<br />

em nervos distintos determinados factores musicais como os acordes,<br />

os ritmos, os instrumentos. Reparte-se uma sensação auditiva musical<br />

por todos os nervos relacionados com o acústico ou só alguns deles?<br />

Com que intensi<strong>da</strong>de, com que rapidez? Que elementos musicais afectam<br />

mais o cérebro ou os nervos que comunicam com o coração ou<br />

com os pulmões? É inegável que a música de <strong>da</strong>nça suscita nos jovens,<br />

cujo temperamento natural não foi de todo reprimido pela civilização,<br />

uma convulsão do corpo, sobretudo nos pés. Seria unilateral negar a<br />

influência fisiológica <strong>da</strong> música de marchas e de <strong>da</strong>nça e reduzi-la a<br />

simples associação psicológica de ideias. O que aqui é psicológico –<br />

a lembrança evocadora do prazer já conhecido <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça – não deixa de<br />

ser uma explicação, mas esta não é por si suficiente. Não levanta os pés<br />

por ser música <strong>da</strong>nçável, mas é música <strong>da</strong>nçável porque levanta os pés.<br />

Quem, na ópera, olhar um pouco à sua volta depressa observará que<br />

as <strong>da</strong>mas costumam mover involuntariamente a cabeça, ao ouvir melodias<br />

vivas, fáceis de compreender, e que tal não se vê num adágio, por<br />

comovedor ou melodioso que seja. Pode <strong>da</strong>qui depreender-se que certas<br />

situações musicais, a saber, rítmicas, influem nos nervos motores,<br />

e outras apenas nos nervos sensoriais? Quando acontece o primeiro,<br />

e quando o segundo? 18 . Sofrerá o tecido solar que surge tradicionalmente<br />

como uma sede preferente do sentir, uma afecção particular por<br />

17 Cf. o Handwörterbuch der Physiologie de R. Wagner, Artigo “Ouvir”, p. 312.<br />

18 Quando Carus explica o estímulo ao movimento, dizendo que o nervo acústico<br />

nasce no cerebelo, desloca <strong>para</strong> este a sede <strong>da</strong> vontade e deduz de ambas as circunstâncias<br />

os efeitos peculiares <strong>da</strong>s impressões auditivas sobre acções de coragem, etc.,<br />

trata-se de uma demonstração a partir de hipóteses. Com efeito, nem sequer a origem<br />

do nervo acústico a partir do cerebelo é um facto cientificamente inquestionável.<br />

Harletz vindica <strong>para</strong> a simples percepção do ritmo, sem qualquer impressão audi-<br />

www.lusosofia.net<br />

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