Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia
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<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 53<br />
ao “clássico” nem encerra uma preferência por este relativamente ao<br />
“romântico”. Vale tanto <strong>para</strong> uma corrente como <strong>para</strong> a outra, impera<br />
tanto em Bach como em Beethoven, em Mozart como em Schumann.<br />
Seja o que for que colora com matizes tão diversos a música destes mestres,<br />
proporcionaria uma in<strong>da</strong>gação altamente frutuosa, que, no entanto,<br />
temos de reservar <strong>para</strong> um lugar mais apropriado, pois exige um desenvolvimento<br />
exaustivo dos conceitos “clássico” e “romântico”, bem<br />
como uma exposição histórica <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de do ideal musical. Por<br />
conseguinte, a nossa tese nem sequer contém a insinuação de uma toma<strong>da</strong><br />
de partido. Todo o decurso <strong>da</strong> investigação presente não expressa<br />
em geral dever-ser algum, mas considera apenas um ser; também dela<br />
não é possível deduzir nenhum ideal musical determinado como o ver<strong>da</strong>deiramente<br />
belo, mas comprova-se somente o que em to<strong>da</strong>s as escolas,<br />
mesmo nas mais opostas, constitui de igual modo o belo.<br />
Não há muito, começou-se a olhar as obras de arte em ligação com<br />
as ideias e os acontecimentos <strong>da</strong> época que as gerou. Esta conexão<br />
inegável existe também <strong>para</strong> a música. Como manifestação do espírito<br />
humano, deve igualmente encontrar-se em relação recíproca com<br />
as suas restantes activi<strong>da</strong>des: com as simultâneas criações <strong>da</strong> poesia<br />
e <strong>da</strong> arte plástica, com as condições poéticas, sociais e científicas do<br />
seu tempo e, finalmente, com as vivências e convicções individuais do<br />
autor. A consideração e a demonstração deste nexo em compositores<br />
e obras individuais são, por conseguinte, muito justifica<strong>da</strong>s e constituem<br />
um ganho genuíno. No entanto, importa sempre ter presente que<br />
o estabelecimento de tais <strong>para</strong>lelos entre especiali<strong>da</strong>des artísticas e determina<strong>da</strong>s<br />
condições históricas é um processo <strong>da</strong> história <strong>da</strong> arte, e<br />
não um procedimento estético. Por necessária que se afigure, do ponto<br />
de vista metodológico, a ligação <strong>da</strong> história <strong>da</strong> arte com a estética, ca<strong>da</strong><br />
uma destas duas ciências deve conservar a sua essência íntima livre de<br />
uma confusão força<strong>da</strong> com a outra. O historiador, ao compreender um<br />
fenómeno artístico nas suas grandes linhas, pode divisar em Spontini<br />
a “expressão do Império francês”, em Rossini a “restauração política”<br />
– o esteta tem de se ater exclusivamente às obras destes homens e in-<br />
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