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Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia

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<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 11<br />

pretenso dilema. A peça sonora flui <strong>da</strong> fantasia do artista <strong>para</strong> a fantasia<br />

do ouvinte. Diante do belo, a fantasia não é apenas um contemplar,<br />

mas um contemplar com entendimento, i.e., um representar e um julgar,<br />

este último decerto com tal rapidez que os processos individuais<br />

não nos chegam à consciência e surge a ilusão de que acontece imediatamente<br />

o que, na ver<strong>da</strong>de, depende de múltiplos processos espirituais<br />

mediatos. Além disso, a palavra "intuição", transferi<strong>da</strong> há muito <strong>da</strong>s<br />

representações visuais <strong>para</strong> todos os fenómenos sensíveis, corresponde<br />

de modo excelente ao acto do ouvir atento, que consiste numa consideração<br />

sucessiva <strong>da</strong>s formas sonoras. A fantasia não é, naturalmente,<br />

um âmbito fechado: assim como extraiu a sua centelha vital <strong>da</strong>s percepções<br />

sensíveis, assim envia, por seu turno, rapi<strong>da</strong>mente os seus raios<br />

à activi<strong>da</strong>de do entendimento e do sentimento. No entanto, estes são<br />

<strong>para</strong> a genuína concepção do belo apenas campos limítrofes.<br />

Se o ouvinte frui, na intuição pura, a peça sonora ressoante, deve<br />

estar longe dele todo o interesse material. Mas um interesse assim é<br />

a tendência <strong>para</strong> em si permitir a excitação dos afectos. A actuação<br />

exclusiva do entendimento por meio do belo comporta-se de uma maneira<br />

lógica e não estética, um efeito predominante sobre o sentimento<br />

é ain<strong>da</strong> dúbio e até patológico.<br />

Tudo o que há muito foi elaborado pela estética geral vale de modo<br />

análogo <strong>para</strong> o belo de to<strong>da</strong>s as artes. Se, pois, a música se trata como<br />

arte, importa reconhecer como instância estética sua a fantasia, e não o<br />

sentimento. Mas a premissa despretensiosa parece muito aconselhável<br />

porque, na ênfase importante que incansavelmente se põe na pacificação<br />

<strong>da</strong>s paixões humanas a obter pela música, muitas vezes, não se<br />

sabe se, de facto, se está a falar de uma medi<strong>da</strong> policial, pe<strong>da</strong>gógica ou<br />

medicinal.<br />

Mas os músicos não se encontram enre<strong>da</strong>dos no erro de pretender<br />

reivindicar igualmente to<strong>da</strong>s as artes <strong>para</strong> os sentimentos; pelo contrário,<br />

vêem nisso algo de especificamente peculiar à arte dos sons. A<br />

força e a tendência <strong>para</strong> actuar nos sentimentos do ouvinte seria justamente<br />

o que caracteriza a música em face <strong>da</strong>s restantes artes. Onde nem<br />

www.lusosofia.net<br />

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