Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia
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<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 13<br />
arquitectura tem o fim de suscitar sentimentos, ou que estes constituem<br />
o seu conteúdo?<br />
To<strong>da</strong> a ver<strong>da</strong>deira obra de arte se estabelecerá numa qualquer relação<br />
com o nosso sentir, mas nenhuma num relação exclusiva. Por<br />
conseguinte, na<strong>da</strong> de decisivo se afirma acerca do princípio estético<br />
<strong>da</strong> música quando esta é caracteriza<strong>da</strong> mediante o seu efeito no sentimento.<br />
No entanto, há quem preten<strong>da</strong> captar a essência <strong>da</strong> música sempre<br />
a partir deste ponto. A crítica <strong>da</strong> uma obra sonora inicia-se sempre com<br />
a "sensação"que ela provoca, e determina-se o louvor ou a censura de<br />
acordo com a própria afecção subjectiva. Como se alguém explorasse<br />
a essência do vinho quando se embebe<strong>da</strong>! O conhecimento de um objecto<br />
e a sua acção imediata sobre a nossa subjectivi<strong>da</strong>de são coisas<br />
diametralmente opostas, mais ain<strong>da</strong>, importa saber desenvencilhar-se<br />
<strong>da</strong> última justamente na medi<strong>da</strong> em que se pretende aproximar-se do<br />
primeiro. O comportamento dos nossos estados emotivos perante um<br />
belo qualquer é mais objecto <strong>da</strong> psicologia do que <strong>da</strong> estética. Seja tão<br />
grande ou tão pequeno como se quiser o efeito <strong>da</strong> música – não é permitido<br />
dele partir quando se empreende in<strong>da</strong>gar a essência desta arte.<br />
Hegel mostrou exaustivamente como o estudo <strong>da</strong>s "sensações"que uma<br />
arte desperta permanece numa total indeterminação e se abstém justamente<br />
do conteúdo genuíno e concreto. "O que se sente – diz ele –<br />
persiste envolvido na forma <strong>da</strong> subjectivi<strong>da</strong>de mais abstracta, singular<br />
e, por isso, as diferenças <strong>da</strong> sensação também são inteiramente abstractas,<br />
e não diferença alguma <strong>da</strong> própria coisa."(Aesthetik I, 42)<br />
Se à arte dos sons é, de facto, inerente uma força específica <strong>da</strong> impressão<br />
(como dentro em breve iremos ver melhor), há então que abstrair<br />
tanto mais cautamente de tal magia, a fim de se chegar à natureza<br />
<strong>da</strong> sua causa. Entrementes, confundem-se de modo incessante a afecção<br />
do sentimento e a beleza musical, em vez de se representarem se<strong>para</strong><strong>da</strong>mente<br />
pelo método científico. Há quem se aferre ao efeito incerto<br />
dos fenómenos musicais em vez de penetrar no íntimo <strong>da</strong>s obras e de, a<br />
partir <strong>da</strong>s leis do seu próprio organismo, explicar que conteúdo é o seu,<br />
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