Do Belo Musical. Um Contributo para a Revisão da ... - LusoSofia
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<strong>Do</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Musical</strong> 61<br />
CAPÍTULO IV<br />
Análise <strong>da</strong> impressão subjectiva <strong>da</strong> música<br />
Embora consideremos que há-de ser princípio e tarefa primordial <strong>da</strong> estética<br />
musical submeter o império usurpado do sentimento ao domínio<br />
justificado <strong>da</strong> beleza, as exteriorizações afirmativas do sentir reclamam,<br />
na vi<strong>da</strong> musical prática, um papel demasiado chamativo e importante<br />
<strong>para</strong> se despachar mediante a simples subordinação. Porque a fantasia,<br />
enquanto activi<strong>da</strong>de do puro intuir, e não o sentimento, é o órgão<br />
a partir do qual e <strong>para</strong> o qual nasce todo o belo artístico, a obra de<br />
arte musical surge também como uma criação não condiciona<strong>da</strong> pelo<br />
nosso sentir, especificamente estética, que a consideração científica,<br />
se<strong>para</strong>ndo-a dos acessórios psicológicos <strong>da</strong> sua origem e do seu efeito,<br />
deve apreender na sua constituição intrínseca. Mas, na reali<strong>da</strong>de, esta<br />
obra de arte, conceptualmente livre do nosso sentir, autónoma, revelase<br />
como meio eficaz entre duas forças vivas: o seu donde e o seu <strong>para</strong><br />
onde, isto é, entre o compositor e o ouvinte. Na vi<strong>da</strong> anímica de ambos,<br />
a activi<strong>da</strong>de artística <strong>da</strong> fantasia não pode extrair-se à maneira de puro<br />
metal, tal como se apresenta na obra de arte pronta, impessoal – pelo<br />
contrário, opera ali sempre em estreita interrelação com sentimentos e<br />
sensações. O sentir conservará, portanto, antes e depois <strong>da</strong> criação <strong>da</strong><br />
obra, primeiro no compositor, em segui<strong>da</strong> no ouvinte, uma importância<br />
a que não podemos subtrair a nossa atenção.<br />
Consideremos o compositor. Durante a criação, estará imbuído de<br />
uma disposição anímica exalta<strong>da</strong>, sem a qual dificilmente se pode conceber<br />
a libertação do belo do poço <strong>da</strong> fantasia. Que esta disposição<br />
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