14.06.2013 Views

Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

juventu<strong>de</strong> fosse muito mais rica em experiências; não sei. Como já disse, a análise foi<br />

interrompida após curto tempo e, portanto, produziu uma anamnese não muito mais digna <strong>de</strong> fé<br />

que as outras anamneses <strong>de</strong> homossexuais, <strong>de</strong> que há bons motivos para duvidar. <strong>Além</strong> disso, a<br />

jovem nunca fora neurótica e chegara a análise sem um único sintoma histérico, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que as<br />

oportunida<strong>de</strong>s para investigar a história <strong>de</strong> sua infância não se apresentaram tão prontamente<br />

quanto <strong>de</strong> hábito.<br />

Na ida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s treze aos quatorze anos apresentara uma afeição terna e, segun<strong>do</strong> a<br />

opinião geral, exageradamente forte por um menino <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> três anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, a quem<br />

costumava ver regularmente num playground infantil. Apegou-se à criança tão calorosamente<br />

que, em conseqüência, uma amiza<strong>de</strong> dura<strong>do</strong>ura surgiu entre ela e os pais <strong>de</strong>le. Po<strong>de</strong>-se inferir<br />

<strong>de</strong>sse episódio que, naquela época, achava-se possuída <strong>de</strong> forte <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser mãe e ter um<br />

filho. Contu<strong>do</strong>, após curto tempo, tornou-se indiferente ao menino e começou a interessar-se por<br />

mulheres maduras porém <strong>de</strong> aparência ainda jovem. As manifestações <strong>de</strong>sse interesse logo lhe<br />

valeram um severo castigo das mãos <strong>de</strong> seu pai.<br />

Ficou estabeleci<strong>do</strong>, além <strong>de</strong> qualquer dúvida, que essa mudança ocorreu<br />

simultaneamente com certo acontecimento na família e, assim, po<strong>de</strong>-se examiná-lo em busca <strong>de</strong><br />

alguma explicação para a mudança. Antes que acontecesse, sua libi<strong>do</strong> se concentrava em uma<br />

atitu<strong>de</strong> maternal, a seguir tornan<strong>do</strong>-se uma homossexual atraída por mulheres maduras, assim<br />

permanecen<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então. O acontecimento, tão significante para a nossa compreensão <strong>do</strong><br />

caso, foi uma nova gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> sua mãe, e o nascimento <strong>de</strong> um terceiro irmão quan<strong>do</strong> a<br />

paciente contava cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>zesseis anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

A situação <strong>de</strong> ocorrências que agora passarei a revelar não é produto <strong>de</strong> minhas forças<br />

inventivas; baseia-se em provas analíticas tão dignas <strong>de</strong> fé, que para ela posso reivindicar uma<br />

vali<strong>de</strong>z objetiva. Foi, em particular, uma série <strong>de</strong> sonhos, inter-relaciona<strong>do</strong>s e fáceis <strong>de</strong><br />

interpretar, que me fizeram <strong>de</strong>cidir em favor <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong>.<br />

A análise da jovem revelou, sem sombra <strong>de</strong> dúvida, que a amada era uma substituta <strong>de</strong><br />

sua mãe. É verda<strong>de</strong> que a própria dama não era mãe; contu<strong>do</strong>, também não era o primeiro amor<br />

da moça. Os primeiros objetos <strong>de</strong> sua afeição após o nascimento <strong>do</strong> irmão mais novo haviam<br />

si<strong>do</strong> realmente mães, mulheres entre trinta e trinta e cinco anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, a quem havia<br />

encontra<strong>do</strong> com os filhos durante férias <strong>de</strong> verão ou no círculo familiar <strong>de</strong> conheci<strong>do</strong>s na cida<strong>de</strong>.<br />

A maternida<strong>de</strong> como condição sine qua non em seu objeto amoroso foi posteriormente<br />

aban<strong>do</strong>nada, <strong>de</strong> vez que na vida real essa precondição era difícil <strong>de</strong> combinar com outra, que foi<br />

tornan<strong>do</strong>-se cada vez mais importante. A ligação sobremo<strong>do</strong> intensa com seu último amor tinha,<br />

ainda, outro fundamento que a jovem com facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobriu certo dia. A figura esbelta, a<br />

beleza severa e a postura ereta <strong>de</strong> sua dama faziam-na lembrar-se <strong>do</strong> irmão que era um pouco<br />

mais velho que ela. Assim, sua última escolha correspondia não só ao i<strong>de</strong>al feminino, como<br />

também ao masculino; combinava a satisfação da tendência homossexual com a da tendência

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!