Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
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homem à nossa frente e pudéssemos reviver todas as lembranças pertinentes que talvez ele<br />
tenha afasta<strong>do</strong> como não essenciais. Tem certamente razão no que diz no começo <strong>de</strong> sua<br />
segunda carta, <strong>de</strong> que mais coisas surgiriam conversan<strong>do</strong>.<br />
Consi<strong>de</strong>rem um outro caso semelhante, em que nenhum papel <strong>de</strong>sempenha o intérprete<br />
perturba<strong>do</strong> pelo ocultismo. Amiú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem os leitores ter esta<strong>do</strong> em posição <strong>de</strong> comparar a<br />
anamnese e as informações sobre a <strong>do</strong>ença, dadas durante a primeira sessão por qualquer<br />
neurótico, com o que <strong>de</strong>le obtiveram após alguns meses <strong>de</strong> psicanálise. À parte as abreviações<br />
inevitáveis, quantas coisas essenciais foram omitidas ou suprimidas, quantas conexões foram<br />
<strong>de</strong>slocadas; na realida<strong>de</strong>, quanto <strong>de</strong> incorreto ou inverídico lhes foi conta<strong>do</strong> naquela primeira<br />
ocasião! Não me chamarão <strong>de</strong> hipercrítico se recusar-me, nas circunstâncias, a fazer qualquer<br />
pronunciamento sobre se o sonho em causa é um evento telepático, uma realização<br />
particularmente sutil por parte <strong>do</strong> inconsciente <strong>do</strong> que sonhou, ou se <strong>de</strong>ve simplesmente ser<br />
toma<strong>do</strong> como uma coincidência notável. Nossa curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve satisfazer-se com a esperança<br />
<strong>de</strong> que, em alguma ocasião posterior, seja possível efetuar um exame oral pormenoriza<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
que sonhou. Mas não po<strong>de</strong>m dizer que esse resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> nossa investigação os <strong>de</strong>sapontou,<br />
porque os preparei para ele; disse-lhes que não ouviriam nada que lançasse luz sobre o<br />
problema da telepatia.<br />
Se agora passarmos ao tratamento analítico <strong>do</strong> sonho, seremos novamente obriga<strong>do</strong>s a<br />
expressar nossa insatisfação. Os pensamentos que aquele que sonhou associa ao conteú<strong>do</strong><br />
manifesto <strong>do</strong> sonho, são mais uma vez insuficientes e não nos permitem efetuar qualquer<br />
análise <strong>do</strong> sonho. Por exemplo, o sonho entra em gran<strong>de</strong>s pormenores sobre as semelhanças<br />
das crianças com os pais, discute a cor <strong>de</strong> seus cabelos e a provável mudança <strong>de</strong> cor numa<br />
ida<strong>de</strong> posterior, e como explicação <strong>de</strong>sses elabora<strong>do</strong>s <strong>de</strong>talhes recebemos apenas, <strong>do</strong> que<br />
sonhou, a árida informação <strong>de</strong> que sempre se interessou por questões <strong>de</strong> semelhança e<br />
hereditarieda<strong>de</strong>. Estamos acostuma<strong>do</strong>s a esperar um material bastante mais amplo que este!<br />
Em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> ponto, porém, o sonho admite uma interpretação analítica e exatamente nesse<br />
ponto a análise, que sob <strong>outros</strong> aspectos não possui conexão com o ocultismo, vem em auxílio<br />
da telepatia <strong>de</strong> uma maneira digna <strong>de</strong> nota. É apenas por causa <strong>de</strong>sse ponto isola<strong>do</strong> que lhes<br />
estou pedin<strong>do</strong> sua atenção para este sonho.<br />
Corretamente falan<strong>do</strong>, o sonho não tem qualquer direito a ser chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> ‘telepático’.<br />
Não informou quem o sonhou <strong>de</strong> nada que (fora <strong>de</strong> seu conhecimento normal) se estivesse<br />
realizan<strong>do</strong> noutro lugar. O que o sonho contou foi algo inteiramente diferente <strong>do</strong> acontecimento<br />
comunica<strong>do</strong> no telegrama recebi<strong>do</strong> no segun<strong>do</strong> dia após a noite <strong>do</strong> sonho. Este e a ocorrência<br />
real divergem num ponto particularmente importante, mas concordam, afora a coincidência <strong>de</strong><br />
tempo, noutro elemento muito interessante. No sonho, a esposa <strong>do</strong> que sonhou teve gêmeos. A<br />
ocorrência, contu<strong>do</strong>, fora que a filha <strong>de</strong>le <strong>de</strong>ra à luz gêmeos, em sua casa distante. O que<br />
sonhou não <strong>de</strong>sprezou essa diferença; não parecia conhecer nenhum mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> superá-la e