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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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<strong>de</strong> sua presença. Vimos também, além disso, que as observações efetuadas pelos biólogos nos<br />

permitem presumir que processos internos <strong>de</strong>sse tipo, conducentes à morte, ocorrem também<br />

nos protistas. Mas, mesmo que estes últimos se mostrassem imortais no senti<strong>do</strong> weismanniano,<br />

a assertiva <strong>de</strong> Weismann <strong>de</strong> que a morte é uma aquisição tardia, se aplicaria apenas a seus<br />

fenômenos manifestos e não tornaria impossível a pressuposição <strong>de</strong> processos a ela ten<strong>de</strong>ntes.<br />

Assim, não se realizou nossa esperança <strong>de</strong> que a biologia contradissesse re<strong>do</strong>ndamente<br />

o reconhecimento <strong>do</strong>s instintos <strong>de</strong> morte. Estamos livres para continuar a nos preocupar com<br />

sua possibilida<strong>de</strong>, se tivermos outras razões para assim proce<strong>de</strong>r. A notável semelhança entre a<br />

distinção weismanniana <strong>de</strong> soma e plasma germinal e nossa separação <strong>do</strong>s instintos <strong>de</strong> morte<br />

<strong>do</strong>s instintos <strong>de</strong> vida persiste e mantém a sua significância.<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ter-nos por um momento sobre essa visão preeminentemente dualística da<br />

vida instintual. De acor<strong>do</strong> com a teoria <strong>de</strong> E. Hering, <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> processos estão<br />

constantemente em ação na substância viva, operan<strong>do</strong> em direções contrárias, uma construtiva<br />

ou assimilatória, e a outra <strong>de</strong>strutiva ou dissimilatória. Po<strong>de</strong>mos atrever-nos a i<strong>de</strong>ntificar nessas<br />

duas direções tomadas pelos processos vitais a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos <strong>do</strong>is impulsos instintuais, os<br />

instintos <strong>de</strong> vida e os instintos <strong>de</strong> morte? Existe algo mais, <strong>de</strong> qualquer mo<strong>do</strong>, a que não<br />

po<strong>de</strong>mos permanecer cegos. Inadvertidamente voltamos nosso curso para a baía da filosofia <strong>de</strong><br />

Schopenhauer. Para ele, a morte é o ‘verda<strong>de</strong>iro resulta<strong>do</strong> e, até esse ponto, o propósito da<br />

vida’, ao passo que o instinto sexual é a corporificação da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver.<br />

Façamos uma ousada tentativa <strong>de</strong> dar outro passo à frente. Consi<strong>de</strong>ra-se geralmente<br />

que a união <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> células numa associação vital - o caráter multicelular <strong>do</strong>s<br />

organismos - se tornou um meio <strong>de</strong> prolongar a sua vida. Uma célula ajuda a conservar a vida <strong>de</strong><br />

outra, e a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> células po<strong>de</strong> sobreviver mesmo que as células individuais tenham <strong>de</strong><br />

morrer. Já apren<strong>de</strong>mos que também a conjugação, a coalescência temporária <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

organismos unicelulares, possui feito preserva<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vida e rejuvenesce<strong>do</strong>r sobre ambos. Por<br />

conseguinte, po<strong>de</strong>mos tentar aplicar a teoria da libi<strong>do</strong> a que se chegou na psicanálise à relação<br />

mútua das células. Po<strong>de</strong>mos supor que os instintos <strong>de</strong> vida ou instintos sexuais ativos em cada<br />

célula tomam as outras células como seu objeto, que parcialmente neutralizam os instintos <strong>de</strong><br />

morte (isto é, os processos estabeleci<strong>do</strong>s por estes) nessas células, preservan<strong>do</strong> assim sua<br />

vida, ao passo que as outras células fazem o mesmo para elas e outras ainda se sacrificam no<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ssa função libidinal. As próprias células germinais se comportariam <strong>de</strong> maneira<br />

completamente ‘narcisista’, para empregar a expressão que estamos acostuma<strong>do</strong>s a utilizar na<br />

teoria das neuroses para <strong>de</strong>screver um indivíduo total que retém sua libi<strong>do</strong> em seu ego e nada<br />

<strong>de</strong>sembolsa <strong>de</strong>la em catexias <strong>de</strong> objeto. As células germinais exigem sua libi<strong>do</strong>, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

seus instintos <strong>de</strong> vida, para si mesmas, como uma reserva para sua posterior e momentosa<br />

ativida<strong>de</strong> construtiva. (As células <strong>do</strong>s neoplasmas malignos que <strong>de</strong>stroem o organismo, talvez<br />

também <strong>de</strong>vessem ser <strong>de</strong>scritas como narcisistas nesse mesmo senti<strong>do</strong>: a patologia está

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