14.06.2013 Views

Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

componentes <strong>do</strong> instinto <strong>de</strong> autoconservação mostram-se fracos <strong>de</strong>mais na luta contra os<br />

impulsos sexuais. Então, logo <strong>de</strong>scobrimos seu plano secreto, que é obter <strong>do</strong> notável fracasso<br />

<strong>de</strong> sua tentativa um sentimento <strong>de</strong> satisfação por ter feito tu<strong>do</strong> quanto possível contra a sua<br />

anormalida<strong>de</strong>, com o qual po<strong>de</strong> resignar-se agora <strong>de</strong> consciência tranqüila. O caso é um tanto<br />

diferente quan<strong>do</strong> a consi<strong>de</strong>ração por pais e parentes queri<strong>do</strong>s foi o motivo da sua tentativa <strong>de</strong><br />

curar-se. Aqui estão realmente presentes impulsos libidinais que po<strong>de</strong>m aplicar energias opostas<br />

à escolha homossexual <strong>de</strong> objeto, contu<strong>do</strong> sua força raramente é suficiente. Apenas on<strong>de</strong> a<br />

fixação homossexual ainda não se tornou suficientemente forte, ou on<strong>de</strong> existem consi<strong>de</strong>ráveis<br />

rudimentos e vestígios <strong>de</strong> uma escolha heterossexual <strong>de</strong> objeto, isto é, numa organização ainda<br />

oscilante ou <strong>de</strong>finitivamente bissexual, é que se po<strong>de</strong> efetuar um prognóstico mais favorável para<br />

a psicoterapia psicanalítica.<br />

Por essas razões me abstive por completo <strong>de</strong> oferecer aos pais qualquer perspectiva <strong>de</strong><br />

realização <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sejo. Simplesmente lhes disse que estava prepara<strong>do</strong> para estudar<br />

cuida<strong>do</strong>samente a moça durante algumas semanas ou meses, para então po<strong>de</strong>r julgar em que<br />

medida uma continuação da análise teria probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> influenciá-la. Em bom número <strong>de</strong><br />

casos é fato uma análise incidir em duas fases claramente distinguíveis. Na primeira, o médico<br />

consegue <strong>do</strong> paciente as informações necessárias, familiariza-o com as premissas e os<br />

postula<strong>do</strong>s da psicanálise e lhe revela a reconstrução da gênese <strong>de</strong> seu distúrbio, como essa é<br />

<strong>de</strong>duzida <strong>do</strong> material trazi<strong>do</strong> à análise. Na segunda fase, o próprio paciente se apossa <strong>do</strong><br />

material que lhe foi apresenta<strong>do</strong>; trabalha sobre ele, recorda-se <strong>do</strong> que po<strong>de</strong> <strong>de</strong> lembranças<br />

aparentemente reprimidas e tenta repetir o resto, como se <strong>de</strong> alguma forma o estivesse viven<strong>do</strong><br />

novamente. Po<strong>de</strong> assim confirmar, suplementar e corrigir as inferências <strong>do</strong> médico. Só durante<br />

esse trabalho que ele experimenta, pela vitória sobre as resistências, a mudança interior a que<br />

visa e adquire para si as convicções que o tornam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> médico. Essas<br />

duas fases no curso <strong>do</strong> tratamento analítico não estão sempre nitidamente separadas uma da<br />

outra, o que só po<strong>de</strong> acontecer quan<strong>do</strong> a resistência obe<strong>de</strong>ce a certas condições. Mas sen<strong>do</strong><br />

assim, po<strong>de</strong>-se apresentar, como analogia, as duas etapas <strong>de</strong> uma viagem. A primeira<br />

compreen<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os preparativos necessários, hoje tão complica<strong>do</strong>s e difíceis <strong>de</strong> efetuar, antes<br />

<strong>de</strong>, passagem na mão, po<strong>de</strong>r-se finalmente chegar à plataforma e garantir um lugar no trem.<br />

Tem-se então o direito e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viajar para um país distante; mas, passadas aquelas<br />

diligências, ainda não nos encontramos lá; na verda<strong>de</strong>, não estamos um quilômetro sequer mais<br />

próximos <strong>de</strong> nosso <strong>de</strong>stino. Para que isso aconteça, há que efetuar a própria viagem, <strong>de</strong> uma<br />

estação à outra, e essa parte da execução bem po<strong>de</strong> ser comparada à segunda fase da análise.<br />

O curso da análise da atual paciente acompanhou esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> duas fases, todavia<br />

não foi continua<strong>do</strong> após o início da segunda. Uma constelação especial da resistência tornou<br />

possível, não obstante, conseguir uma plena confirmação <strong>de</strong> minhas construções teóricas e<br />

obter uma compreensão interna (insight) a<strong>de</strong>quada, em linhas gerais, da maneira pela qual sua

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!