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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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40).<br />

Um <strong>grupo</strong> é impulsivo, mutável e irritável. É leva<strong>do</strong> quase que exclusivamente por seu<br />

inconsciente. Os impulsos a que um <strong>grupo</strong> obe<strong>de</strong>ce, po<strong>de</strong>m, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as circunstâncias,<br />

ser generosos ou cruéis, heróicos ou covar<strong>de</strong>s, mas são sempre tão imperiosos, que nenhum<br />

interesse pessoal, nem mesmo o da autopreservação, po<strong>de</strong> fazer-se sentir (ibid., 41). Nada <strong>de</strong>le<br />

é premedita<strong>do</strong>. Embora possa <strong>de</strong>sejar coisas apaixonadamente, isso nunca se dá por muito<br />

tempo, porque é incapaz <strong>de</strong> perseverança. Não po<strong>de</strong> tolerar qualquer <strong>de</strong>mora entre seu <strong>de</strong>sejo e<br />

a realização <strong>do</strong> que <strong>de</strong>seja. Tem um sentimento <strong>de</strong> onipotência: para o indivíduo num <strong>grupo</strong> a<br />

noção <strong>de</strong> impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>saparece.<br />

Um <strong>grupo</strong> é extremamente crédulo e aberto à influência; não possui faculda<strong>de</strong> crítica e o<br />

improvável não existe para ele. Pensa por imagens, que se chamam umas às outras por<br />

associação (tal como surgem nos indivíduos em esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> imaginação livre), e cuja<br />

concordância com a realida<strong>de</strong> jamais é conferida por qualquer órgão razoável. Os sentimentos<br />

<strong>de</strong> um <strong>grupo</strong> são sempre muito simples e muito exagera<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> maneira que não conhece a<br />

dúvida nem a incerteza.<br />

Ele vai diretamente a extremos; se uma suspeita é expressa, ela instantaneamente se<br />

modifica numa certeza incontrovertível; um traço <strong>de</strong> antipatia se transforma em ódio furioso<br />

(ibid., 56).<br />

Inclina<strong>do</strong> como é a to<strong>do</strong>s os extremos, um <strong>grupo</strong> só po<strong>de</strong> ser excita<strong>do</strong> por um estímulo<br />

excessivo. Quem quer que <strong>de</strong>seje produzir efeito sobre ele, não necessita <strong>de</strong> nenhuma or<strong>de</strong>m<br />

lógica em seus argumentos; <strong>de</strong>ve pintar nas cores mais fortes, <strong>de</strong>ve exagerar e repetir a mesma<br />

coisa diversas vezes.<br />

Des<strong>de</strong> que não se acha em dúvida quanto ao que constitui verda<strong>de</strong> ou erro e, além<br />

disso, tem consciência <strong>de</strong> sua própria gran<strong>de</strong> força, um <strong>grupo</strong> é tão intolerante quanto obediente<br />

à autorida<strong>de</strong>. Respeita a força e só ligeiramente po<strong>de</strong> ser influencia<strong>do</strong> pela bonda<strong>de</strong>, que encara<br />

simplesmente como uma forma <strong>de</strong> fraqueza. O que exige <strong>de</strong> seus heróis, é força ou mesmo<br />

violência. Quer ser dirigi<strong>do</strong>, oprimi<strong>do</strong> e temer seus senhores. Fundamentalmente, é inteiramente<br />

conserva<strong>do</strong>r e tem profunda aversão por todas as inovações e progressos, e um respeito<br />

ilimita<strong>do</strong> pela tradição (ibid., 62).<br />

A fim <strong>de</strong> fazer um juízo correto <strong>do</strong>s <strong>princípio</strong>s éticos <strong>do</strong> <strong>grupo</strong>, há que levar em<br />

consi<strong>de</strong>ração o fato <strong>de</strong> que, quan<strong>do</strong> indivíduos se reúnem num <strong>grupo</strong>, todas as suas inibições<br />

individuais caem e to<strong>do</strong>s os instintos cruéis, brutais e <strong>de</strong>strutivos, que neles jaziam a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s,<br />

como relíquias <strong>de</strong> uma época primitiva, são <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong>s para encontrar gratificação livre. Mas,<br />

sob a influência da sugestão, os <strong>grupo</strong>s também são capazes <strong>de</strong> elevadas realizações sob forma<br />

<strong>de</strong> abnegação, <strong>de</strong>sprendimento e <strong>de</strong>voção a um i<strong>de</strong>al. Ao passo que com os indivíduos isola<strong>do</strong>s<br />

o interesse pessoal é quase a única força motiva<strong>do</strong>ra, nos <strong>grupo</strong>s ele muito raramente é<br />

proeminente. É possível afirmar que um indivíduo tenha seus padrões morais eleva<strong>do</strong>s por um

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