Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
abertamente confessarem sua fé. Porém, a fé que primeiramente a<strong>do</strong>taram e <strong>de</strong>pois procuraram<br />
impor a <strong>outros</strong>, ou é a velha fé religiosa, empurrada para o segun<strong>do</strong> plano pela ciência no curso<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano, ou então outra, mais próxima ainda das convicções ultrapassadas<br />
<strong>do</strong>s povos primitivos. Os analistas, por outro la<strong>do</strong>, não po<strong>de</strong>m repudiar sua <strong>de</strong>scendência da<br />
ciência exata e sua comunhão com os representantes <strong>de</strong>sta última. Movi<strong>do</strong>s por uma extrema<br />
<strong>de</strong>sconfiança <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sejos humanos e das tentações <strong>do</strong> <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>, acham-se<br />
prontos, para alcançar algum fragmento <strong>de</strong> certeza objetiva, a sacrificar tu<strong>do</strong>: o brilhantismo<br />
<strong>de</strong>slumbrante <strong>de</strong> uma teoria impecável, a consciência exaltada <strong>de</strong> haver consegui<strong>do</strong> uma visão<br />
abrangente <strong>do</strong> universo e a calma mental ocasionada pela posse <strong>de</strong> amplos fundamentos para<br />
uma ação ética e conveniente. Em lugar <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isso, contentam-se com pedaços fragmentários<br />
<strong>de</strong> conhecimento e com hipóteses básicas, carentes <strong>de</strong> exatidão e sempre abertas à revisão. Em<br />
vez <strong>de</strong> esperar pelo momento em que po<strong>de</strong>rá escapar da coerção das leis familiares da física e<br />
da química, têm esperanças no surgimento <strong>de</strong> leis naturais mais amplas e <strong>de</strong> alcance mais<br />
profun<strong>do</strong>, às quais estão prontos a submeter-se. Os analistas são, no fun<strong>do</strong>, incorrigíveis<br />
mecanicistas e materialistas, ainda que procurem evitar <strong>de</strong>spojar a mente e o espírito <strong>de</strong> suas<br />
características ainda irreconhecidas. Da mesma forma, <strong>de</strong>dicam-se à investigação <strong>do</strong>s<br />
fenômenos ocultos apenas porque esperam, com isso, excluir finalmente da realida<strong>de</strong> material<br />
os <strong>de</strong>sejos da humanida<strong>de</strong>.<br />
Em vista <strong>de</strong>ssa diferença entre suas atitu<strong>de</strong>s mentais, a cooperação entre analistas e<br />
ocultistas oferece poucas perspectivas <strong>de</strong> lucro. O analista tem a sua própria província <strong>de</strong><br />
trabalho, a qual não <strong>de</strong>ve aban<strong>do</strong>nar: o elemento inconsciente da vida mental. Se, no curso <strong>de</strong><br />
seu trabalho, tivesse <strong>de</strong> estar atento aos fenômenos ocultos, correria o perigo <strong>de</strong> não se dar<br />
conta <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que mais <strong>de</strong> perto lhe fosse concernente. Estaria aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> a imparcialida<strong>de</strong>,<br />
a ausência <strong>de</strong> preconceitos e prevenções que constituíram uma parte essencial <strong>de</strong> sua armadura<br />
e aparelhamento analítico. Se fenômenos ocultos se fizerem sentir sobre ele da mesma maneira<br />
que ocorre com <strong>outros</strong> fenômenos, não fugirá <strong>de</strong>les mais que a estes. Pareceria ser esse o único<br />
plano <strong>de</strong> comportamento coerente com a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um analista.<br />
Pela autodisciplina, o analista po<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se contra um perigo específico, o perigo <strong>de</strong><br />
permitir que seu interesse seja arrasta<strong>do</strong> para os fenômenos ocultos. Com relação ao perigo<br />
objetivo, a situação é diferente. É pouco duvi<strong>do</strong>so que, sen<strong>do</strong> a atenção dirigida para os<br />
fenômenos ocultos, seu resulta<strong>do</strong> muito em breve seja que ocorra a confirmação <strong>de</strong> um certo<br />
número <strong>de</strong>les, e provavelmente <strong>de</strong>correrá longo tempo antes <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r chegar a uma teoria<br />
aceitável que abranja esses fatos novos. Os especta<strong>do</strong>res avidamente atentos não esperarão<br />
tanto. À primeira confirmação, os ocultistas proclamarão o triunfo <strong>de</strong> suas opiniões.<br />
Transportarão o acolhimento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fenômeno para to<strong>do</strong>s os <strong>outros</strong> e esten<strong>de</strong>rão a<br />
crença nos fenômenos à crença em quaisquer explicações mais fáceis e mais a seu gosto.<br />
Estarão aptos a empregar os méto<strong>do</strong>s da indagação científica, apenas como uma escada para