Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
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obra, em poucas frases. Nesse parágrafo, refere-se à ‘compulsão à repetição’ como sen<strong>do</strong> um<br />
fenômeno apresenta<strong>do</strong> no comportamento das crianças e no tratamento psicanalítico; sugere<br />
que essa compulsão é algo <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> da natureza mais íntima <strong>do</strong>s instintos e a <strong>de</strong>clara ser<br />
suficientemente po<strong>de</strong>rosa para <strong>de</strong>sprezar o <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>. Não há, contu<strong>do</strong>, alusão aos<br />
‘instintos <strong>de</strong> morte’. Acrescenta que já terminou uma exposição pormenorizada <strong>do</strong> assunto. O<br />
artigo sobre ‘The Uncanny’ conten<strong>do</strong> esse resumo foi publica<strong>do</strong> no outono <strong>de</strong> 1919, mas Freud<br />
reteve <strong>Além</strong> <strong>do</strong> Princípio <strong>de</strong> Prazer por um ano ainda. Na primeira parte <strong>de</strong> 1920, ainda<br />
trabalhava nele e então - pela primeira vez, aparentemente - surge uma referência aos ‘instintos<br />
<strong>de</strong> morte’, numa carta a Eitingon, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> fevereiro. Estava ainda revisan<strong>do</strong> a obra em maio e<br />
junho, e ela foi finalmente terminada por mea<strong>do</strong>r <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1920. Em 9 <strong>de</strong> setembro, fez uma<br />
comunicação ao Congresso Psicanalítico Internacional <strong>de</strong> Haia, com o título <strong>de</strong> ‘Suplementos à<br />
Teoria <strong>do</strong>s Sonhos’, na qual anunciou a próxima publicação <strong>do</strong> livro; este foi lança<strong>do</strong> pouco<br />
<strong>de</strong>pois. Um ‘resumo <strong>do</strong> autor’ da comunicação apareceu no Int. Z. Psychoanal., 6 (1920), 397-8<br />
(uma tradução <strong>de</strong>le foi publicada no Int. J. Psycho-Anal., 1, 354). Não parece certo que esse<br />
resumo tenha si<strong>do</strong> realmente da autoria <strong>de</strong> Freud, mas po<strong>de</strong> ser interessante reproduzi-lo aqui<br />
(em nova tradução).<br />
‘Suplementos à Teoria <strong>do</strong>s Sonhos‘<br />
‘O ora<strong>do</strong>r tratou, em suas breves observações, <strong>de</strong> três pontos referentes à teoria <strong>do</strong>s<br />
sonhos. Os <strong>do</strong>is primeiros relacionaram-se à tese <strong>de</strong> que os sonhos são realizações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo e<br />
apresentaram algumas modificações necessárias <strong>de</strong>la. O terceiro referiu-se a um material que<br />
trouxe confirmação completa <strong>de</strong> sua rejeição <strong>do</strong>s alega<strong>do</strong>s intuitos “previ<strong>de</strong>ntes” <strong>do</strong>s sonhos.<br />
’‘Explicou o ora<strong>do</strong>r que, juntamente com os familiares sonhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo e os sonhos <strong>de</strong><br />
ansieda<strong>de</strong> que podiam ser facilmente incluí<strong>do</strong>s na teoria, existiam fundamentos para reconhecer<br />
a existência <strong>de</strong> uma terceira categoria, à qual <strong>de</strong>u o nome <strong>de</strong> “sonhos <strong>de</strong> punição”. Se levarmos<br />
em conta a justificável suposição da existência <strong>de</strong> um órgão especial auto-observa<strong>do</strong>r e crítico<br />
no ego (i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> ego, censor, consciência), também esses sonhos <strong>de</strong> punição <strong>de</strong>vem ser<br />
classifica<strong>do</strong>s na teoria da realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo, porque representariam a realização <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>sejo por parte <strong>de</strong>sse órgão crítico. Tais sonhos, disse ele, possuem aproximadamente a<br />
mesma relação com os sonhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo comuns que os sintomas da neurose obsessiva,<br />
surgi<strong>do</strong>s na formação reativa, têm com os da histeria.<br />
Outra classe <strong>de</strong> sonhos, no entanto, pareceu ao ora<strong>do</strong>r apresentar uma exceção mais<br />
séria à regra <strong>de</strong> que os sonhos são realizações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo. Trata-se <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s sonhos<br />
“traumáticos”, que ocorrem em pacientes que sofreram aci<strong>de</strong>ntes, mas aparecem também<br />
durante a psicanálise <strong>de</strong> neuróticos, trazen<strong>do</strong>-lhes <strong>de</strong> volta traumas esqueci<strong>do</strong>s da infância. Em<br />
conexão com o problema <strong>de</strong> ajustar esses sonhos à teoria da realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo, o ora<strong>do</strong>r