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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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fora <strong>de</strong>le; ficamos saben<strong>do</strong> que a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa nova aquisição se acha exposta a abalos<br />

constantes. Nos sonhos e neuroses, o que é assim excluí<strong>do</strong> bate aos portões em busca <strong>de</strong><br />

admissão, guarda<strong>do</strong>s não obstante pelas resistências, e em nossa saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperta fazemos uso<br />

<strong>de</strong> artifícios especiais para permitir que o que está reprimi<strong>do</strong> contorne as resistências e o<br />

recebamos temporariamente em nosso ego, para aumento <strong>de</strong> nosso <strong>prazer</strong>. Os chistes e o<br />

humor e, até certo ponto, o cômico em geral, po<strong>de</strong>m ser encara<strong>do</strong>s sob esta luz. Qualquer um<br />

que esteja familiariza<strong>do</strong> com a <strong>psicologia</strong> das neuroses pensará em exemplos semelhantes <strong>de</strong><br />

menor importância, mas apresso-me à aplicação <strong>do</strong> que tenho em vista.<br />

É inteiramente concebível que a separação <strong>do</strong> i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> ego <strong>do</strong> próprio ego não po<strong>de</strong> ser<br />

mantida por muito tempo, ten<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser temporariamente <strong>de</strong>sfeita. Em todas as renúncias e<br />

limitações impostas ao ego, uma infração periódica da proibição é a regra. Isso, na realida<strong>de</strong>, é<br />

<strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> pela instituição <strong>do</strong>s festivais, que, na origem, nada mais eram <strong>do</strong> que excessos<br />

previstos em lei e que <strong>de</strong>vem seu caráter alegre ao alívio que proporcionam. As saturnais <strong>do</strong>s<br />

romanos e o nosso mo<strong>de</strong>rno carnaval concordam nessa característica essencial com os festivais<br />

<strong>do</strong>s povos primitivos, que habitualmente terminam com <strong>de</strong>boches <strong>de</strong> toda espécie e com a<br />

transgressão daquilo que, noutras ocasiões, constituem os mandamentos mais sagra<strong>do</strong>s. Mas o<br />

i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> ego abrange a soma <strong>de</strong> todas as limitações a que o ego <strong>de</strong>ve aquiescer e, por essa<br />

razão, a revogação <strong>do</strong> i<strong>de</strong>al constituiria necessariamente um magnífico festival para o ego, que<br />

mais uma vez po<strong>de</strong>ria então sentir-se satisfeito consigo próprio.<br />

Há sempre uma sensação <strong>de</strong> triunfo quan<strong>do</strong> algo no ego coinci<strong>de</strong> com o i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> ego. E<br />

o sentimento <strong>de</strong> culpa (bem como o <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong>) também po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong> como uma<br />

expressão da tensão entre o ego e o i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> ego.<br />

Sabe-se bem que existem pessoas cujo colori<strong>do</strong> geral <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ânimo oscila<br />

periodicamente <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>pressão excessiva, atravessan<strong>do</strong> algum tipo <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> intermediário,<br />

a uma sensação exaltada <strong>de</strong> bem-estar. Essas oscilações aparecem em graus <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong><br />

muito diferentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o que é apenas observável até exemplos extremos tais que, sob a forma<br />

<strong>de</strong> melancolia e mania, empreen<strong>de</strong>m as mais perturba<strong>do</strong>ras ou atormenta<strong>do</strong>ras incursões na<br />

vida da pessoa interessada. Nos casos típicos <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>pressão cíclica, as causas precipitantes<br />

externas não parecem <strong>de</strong>sempenhar qualquer papel <strong>de</strong>cisivo; quanto aos motivos internos,<br />

nesses pacientes, não se encontra nada a mais, ou nada mais, <strong>do</strong> que em to<strong>do</strong>s os <strong>outros</strong>.<br />

Conseqüentemente, tornou-se costume consi<strong>de</strong>rar esses casos como não sen<strong>do</strong> psicogênicos.<br />

Dentro em pouco nos referiremos àqueles <strong>outros</strong> casos exatamente semelhantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão<br />

cíclica que po<strong>de</strong>m ser facilmente remonta<strong>do</strong>s a traumas mentais.<br />

Os fundamentos <strong>de</strong>ssas oscilações espontâneas <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ânimo são, assim,<br />

<strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s. Falta-nos compreensão <strong>do</strong> mecanismo <strong>do</strong> <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> uma melancolia<br />

realiza<strong>do</strong> por uma mania, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que nos achamos livres para supor que esses pacientes<br />

sejam pessoas em quem nossa conjectura po<strong>de</strong>ria encontrar uma aplicação real: seu i<strong>de</strong>al <strong>do</strong>

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