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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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po<strong>de</strong>r encara<strong>do</strong> pelos povos primitivos como a fonte <strong>do</strong> tabu, o mesmo po<strong>de</strong>r emanante <strong>do</strong>s rei e<br />

chefes <strong>de</strong> tribo e que torna perigoso o aproximar-se <strong>de</strong>les (mana). Imagina-se, então, que o<br />

hipnotiza<strong>do</strong>r esteja na posse <strong>de</strong>sse po<strong>de</strong>r. E como o manifesta? Dizen<strong>do</strong> ao sujeito para olhá-lo<br />

nos olhos: seu méto<strong>do</strong> mais típico <strong>de</strong> hipnotização é pelo olhar. Mas é precisamente a visão <strong>do</strong><br />

chefe que é perigosa e insuportável para os povos primitivos, tal como, mais tar<strong>de</strong>, a da<br />

Divinda<strong>de</strong> é para os mortais. O próprio Moisés teve <strong>de</strong> agir como intermediário entre seu povo e<br />

Javé, <strong>de</strong> vez que o povo não po<strong>de</strong>ria suportar a visão divina, e quan<strong>do</strong> retornou da presença <strong>de</strong><br />

Deus seu rosto resplan<strong>de</strong>cia: um pouco <strong>do</strong> mana lhe havia si<strong>do</strong> comunica<strong>do</strong>, tal como acontece<br />

com o intermediário entre os povos primitivos.<br />

É verda<strong>de</strong> que também se po<strong>de</strong> evocar a hipnose por outras maneiras, como, por<br />

exemplo, fixan<strong>do</strong> os olhos sobre um objeto brilhante ou escutan<strong>do</strong> um som monótono. Isso po<strong>de</strong><br />

equivocar e já ocasionou teorias fisiológicas inapropriadas. Na realida<strong>de</strong>, esses procedimentos<br />

servem apenas para <strong>de</strong>sviar a atenção consciente e mantê-la retida. A situação seria a mesma,<br />

se o hipnotiza<strong>do</strong>r houvesse dito ao sujeito: ‘Agora, preocupe-se exclusivamente com a minha<br />

pessoa; o resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> é totalmente <strong>de</strong>sinteressante.’ Naturalmente, seria tecnicamente<br />

<strong>de</strong>saconselhável a um hipnotiza<strong>do</strong>r fazer tal <strong>de</strong>claração; ela arrancaria o sujeito <strong>de</strong> sua atitu<strong>de</strong><br />

inconsciente e o estimularia a uma oposição consciente. O hipnotiza<strong>do</strong>r evita dirigir os<br />

pensamentos conscientes <strong>do</strong> sujeito para suas próprias intenções e faz a pessoa com quem<br />

realiza a experiência mergulhar numa ativida<strong>de</strong> na qual o mun<strong>do</strong> está fada<strong>do</strong> a parecer-lhe<br />

<strong>de</strong>sinteressante. Ao mesmo tempo, porém, o sujeito está, na realida<strong>de</strong>, concentran<strong>do</strong><br />

inconscientemente toda a sua atenção no hipnotiza<strong>do</strong>r e entran<strong>do</strong> numa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> rapport, <strong>de</strong><br />

transferência, para com ele. Assim, os méto<strong>do</strong>s indiretos <strong>de</strong> hipnotizar, iguais a muitos<br />

procedimentos técnicos utiliza<strong>do</strong>s para fazer chistes, têm o efeito <strong>de</strong> controlar certas<br />

distribuições <strong>de</strong> energia mental que interfeririam com o curso <strong>do</strong>s acontecimentos no<br />

inconsciente, e acabam por levar ao mesmo resulta<strong>do</strong> que os méto<strong>do</strong>s diretos <strong>de</strong> influência<br />

através <strong>do</strong> olhar fixo ou das batidas.<br />

Ferenczi [1909] realizou a <strong>de</strong>scoberta real <strong>de</strong> que, quan<strong>do</strong> o hipnotiza<strong>do</strong>r dá a or<strong>de</strong>m<br />

para <strong>do</strong>rmir, o que com freqüência se faz no começo da hipnose, ele está se colocan<strong>do</strong> no lugar<br />

<strong>do</strong>s pais <strong>do</strong> sujeito. Pensa ele que <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> hipnotismo <strong>de</strong>vem ser distingui<strong>do</strong>s: um<br />

persuasor e tranqüiliza<strong>do</strong>r, segun<strong>do</strong> ele mo<strong>de</strong>la<strong>do</strong> na mãe, e um outro ameaça<strong>do</strong>r, que <strong>de</strong>riva <strong>do</strong><br />

pai. Ora, na hipnose a or<strong>de</strong>m para <strong>do</strong>rmir significa, nem mais nem menos, uma or<strong>de</strong>m para<br />

afastar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o interesse e concentrá-lo na pessoa <strong>do</strong> hipnotiza<strong>do</strong>r. E ela é assim<br />

entendida pelo sujeito, pois nessa retração <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> externo resi<strong>de</strong> a característica<br />

psicológica <strong>do</strong> sono e nela se baseia o parentesco entre este e o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> hipnose.<br />

Pelas medidas que toma, o hipnotiza<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sperta no sujeito uma parte <strong>de</strong> sua herança<br />

arcaica que também o tornara submisso aos genitores e experimentara uma reanimação<br />

individual em sua relação com o pai; o que é assim <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong> é a idéia <strong>de</strong> uma personalida<strong>de</strong>

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