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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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ser produzida por um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fator, um laço libidinal com outras pessoas. O amor por si<br />

mesmo só conhece uma barreira: o amor pelos <strong>outros</strong>, o amor por objetos. Levantar-se-á<br />

imediatamente a questão <strong>de</strong> saber se a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesse em si própria, sem qualquer<br />

adição <strong>de</strong> libi<strong>do</strong>, não <strong>de</strong>ve necessariamente conduzir à tolerância das outras pessoas e à<br />

consi<strong>de</strong>ração para com elas. Essa objeção po<strong>de</strong> ser enfrentada pela resposta <strong>de</strong> que, não<br />

obstante, nenhuma limitação dura<strong>do</strong>ura <strong>do</strong> narcisismo é efetuada <strong>de</strong>ssa maneira, visto que essa<br />

tolerância não persiste por mais tempo <strong>do</strong> que o lucro imediato obti<strong>do</strong> pela colaboração <strong>de</strong><br />

outras pessoas. Contu<strong>do</strong>, a importância prática <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>bate é menor <strong>do</strong> que se po<strong>de</strong>ria supor,<br />

porque a experiência <strong>de</strong>monstrou que, nos casos <strong>de</strong> colaboração, se formam regularmente laços<br />

libidinais entre os companheiros <strong>de</strong> trabalho, laços que prolongam e solidificam a relação entre<br />

eles até um ponto além <strong>do</strong> que é simplesmente lucrativo. A mesma coisa ocorre nas relações<br />

sociais <strong>do</strong>s homens, como se tornou familiar à pesquisa psicanalítica no <strong>de</strong>curso <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento da libi<strong>do</strong> individual. A libi<strong>do</strong> se liga à satisfação das gran<strong>de</strong>s necessida<strong>de</strong>s<br />

vitais e escolhe como seus primeiros objetos as pessoas que têm uma parte nesse processo. E,<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento da humanida<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que nos indivíduos, só o<br />

amor atua como fator civiliza<strong>do</strong>r, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> ocasionar a modificação <strong>do</strong> egoísmo em<br />

altruísmo. E isso é verda<strong>de</strong> tanto <strong>do</strong> amor sexual pelas mulheres, com todas as obrigações que<br />

envolve <strong>de</strong> não causar dano às coisas que são caras às mulheres, quanto <strong>do</strong> amor<br />

homossexual, <strong>de</strong>ssexualiza<strong>do</strong> e sublima<strong>do</strong>, por <strong>outros</strong> homens, que se origina <strong>do</strong> trabalho em<br />

comum.<br />

Se assim, nos <strong>grupo</strong>s, o amor a si mesmo narcisista está sujeito a limitações que não<br />

atuam fora <strong>de</strong>les, isso é prova irresistível <strong>de</strong> que a essência <strong>de</strong> uma formação grupal consiste<br />

em novos tipos <strong>de</strong> laços libidinais entre os membros <strong>do</strong> <strong>grupo</strong>.<br />

Nosso interesse nos conduz agora à premente questão <strong>de</strong> saber qual possa ser a<br />

natureza <strong>de</strong>sses laços que existem nos <strong>grupo</strong>s. No estu<strong>do</strong> psicanalítico das neuroses, ocupamo-<br />

nos, até aqui, quase exclusivamente com os laços com objetos feitos pelos instintos amorosos<br />

que ainda perseguem objetivos diretamente sexuais. Nos <strong>grupo</strong>s, evi<strong>de</strong>ntemente, não se po<strong>de</strong><br />

falar <strong>de</strong> objetivos sexuais <strong>de</strong>ssas espécies. Preocupamo-nos aqui com instintos amorosos que<br />

foram <strong>de</strong>svia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seus objetivos originais, embora não atuem com menor energia <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a<br />

isso. Ora, no âmbito das habituais catexias sexuais <strong>de</strong> objeto, já observamos fenômenos que<br />

representam um <strong>de</strong>svio <strong>do</strong> instinto <strong>de</strong> seu objetivo sexual. Descrevemos esses fenômenos como<br />

gradações <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> estar aman<strong>do</strong> e reconhecemos que elas envolvem certa usurpação <strong>do</strong><br />

ego. Voltaremos agora mais <strong>de</strong> perto nossa atenção para esses fenômenos <strong>de</strong> estar enamora<strong>do</strong><br />

ou aman<strong>do</strong>, na firme expectativa <strong>de</strong> neles encontrar condições que possam ser transferidas para<br />

os laços existentes nos <strong>grupo</strong>s. Mas gostaríamos também <strong>de</strong> saber se esse tipo <strong>de</strong> catexia <strong>de</strong><br />

objeto, tal como a conhecemos na vida sexual, representa a única maneira <strong>de</strong> laço emocional<br />

com outras pessoas, ou se <strong>de</strong>vemos levar em consi<strong>de</strong>ração <strong>outros</strong> mecanismos <strong>de</strong>sse tipo. Na

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