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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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interessada.<br />

II - A DESCRIÇÃO DE LE BON DA MENTE GRUPAL<br />

Em vez <strong>de</strong> partir <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição, parece mais proveitoso começar com alguma<br />

indicação <strong>do</strong> campo <strong>de</strong> ação <strong>do</strong>s fenômenos em exame e selecionar <strong>de</strong>ntre eles alguns fatos<br />

especialmente notáveis e característicos, aos quais nossa indagação possa ligar-se. Po<strong>de</strong>mos<br />

alcançar ambos os objetivos por meio <strong>de</strong> citações da obra merecidamente famosa <strong>de</strong> Le Bon,<br />

Psychologie <strong>de</strong>s foules [1855].<br />

Esclareçamos mais uma vez o assunto. Se uma <strong>psicologia</strong> - interessada em explorar as<br />

predisposições, os impulsos instintuais, os motivos e os fins <strong>de</strong> um indivíduo até as suas ações e<br />

suas relações com aqueles que lhe são mais próximos - houvesse atingi<strong>do</strong> completamente seu<br />

objetivo e esclareci<strong>do</strong> a totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas questões, com suas interconexões, <strong>de</strong>frontar-se-ia<br />

então subitamente com uma nova tarefa, que perante ela se esten<strong>de</strong>ria incompleta. Seria<br />

obrigada a explicar o fato surpreen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> que, sob certa condição, esse indivíduo, a quem<br />

havia chega<strong>do</strong> a compreen<strong>de</strong>r, pensou, sentiu e agiu <strong>de</strong> maneira inteiramente diferente daquela<br />

que seria esperada. Essa condição é a sua inclusão numa reunião <strong>de</strong> pessoas que adquiriu a<br />

característica <strong>de</strong> um ‘<strong>grupo</strong> psicológico’. O que é, então, um ‘<strong>grupo</strong>’? Como adquire ele a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer influência tão <strong>de</strong>cisiva sobre a vida mental <strong>do</strong> indivíduo? E qual é a<br />

natureza da alteração mental que ele força no indivíduo?<br />

Constituiu tarefa <strong>de</strong> uma <strong>psicologia</strong> <strong>de</strong> <strong>grupo</strong> teórica respon<strong>de</strong>r a essas três perguntas. A<br />

melhor maneira <strong>de</strong> abordá-las é, evi<strong>de</strong>ntemente, começar pela terceira. É a observação das<br />

alterações nas reações <strong>do</strong> indivíduo que fornece à <strong>psicologia</strong> <strong>de</strong> <strong>grupo</strong> seu material, <strong>de</strong> uma vez<br />

que toda tentativa <strong>de</strong> explicação <strong>de</strong>ve ser precedida pela <strong>de</strong>scrição da coisa que tem <strong>de</strong> ser<br />

explicada.<br />

Deixarei que agora Le Bon fale por si próprio. Diz ele: ‘A peculiarida<strong>de</strong> mais notável<br />

apresentada por um <strong>grupo</strong> psicológico é a seguinte: sejam quem forem os indivíduos que o<br />

compõem, por semelhantes ou <strong>de</strong>ssemelhantes que sejam seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida, suas ocupações,<br />

seu caráter ou sua inteligência, o fato <strong>de</strong> haverem si<strong>do</strong> transforma<strong>do</strong>s num <strong>grupo</strong> coloca-os na<br />

posse <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> mente coletiva que os faz sentir, pensar e agir <strong>de</strong> maneira muito<br />

diferente daquela pela qual cada membro <strong>de</strong>le, toma<strong>do</strong> individualmente, sentiria, pensaria e<br />

agiria, caso se encontrasse em esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> isolamento. Há certas idéias e sentimentos que não<br />

surgem ou que não se transformam em atos, exceto no caso <strong>de</strong> indivíduos que formam um<br />

<strong>grupo</strong>. O <strong>grupo</strong> psicológico é um ser provisório, forma<strong>do</strong> por elementos heterogêneos que por<br />

um momento se combinam, exatamente como as células que constituem um corpo vivo, formam,<br />

por sua reunião, um novo ser que apresenta características muito diferentes daquelas possuídas<br />

por cada uma das células isoladamente.’ (Trad., 1920, 29.)

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