Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
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eprimi<strong>do</strong> à espreita, remo<strong>de</strong>lou-se numa realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo; infelizmente, não é tão fácil<br />
<strong>de</strong>monstrar que se combinou com <strong>outros</strong> materiais que se tornaram ativos ao mesmo tempo,<br />
misturan<strong>do</strong>-se com eles para formar um sonho. As mensagens telepáticas - se temos justificativa<br />
para reconhecer sua existência - não provocam assim alteração no processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> um<br />
sonho; a telepatia nada tem a ver com a natureza <strong>do</strong>s sonhos. E, a fim <strong>de</strong> evitar a impressão <strong>de</strong><br />
que estou tentan<strong>do</strong> ocultar uma noção vaga por trás <strong>de</strong> palavras abstratas e bem sonantes,<br />
estou pronto a repetir: a natureza essencial <strong>do</strong>s sonhos consiste no processo peculiar da<br />
‘elaboração onírica’, que, com o auxílio <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo inconsciente, transporta os pensamentos<br />
pré-conscientes (resíduos diurnos) para o conteú<strong>do</strong> manifesto <strong>do</strong> sonho. O problema da telepatia<br />
interessa aos sonhos tanto quanto o problema da ansieda<strong>de</strong>.<br />
Tenho esperanças <strong>de</strong> que irão pressupor isso; irão porém levantar a objeção <strong>de</strong> que,<br />
não obstante, existem <strong>outros</strong> sonhos telepáticos em que não há diferença entre o acontecimento<br />
e o sonho e nos quais nada mais se po<strong>de</strong> encontrar senão uma reprodução não <strong>de</strong>formada <strong>do</strong><br />
evento. Em minha própria experiência, não tenho conhecimento <strong>de</strong>sses sonhos, mas sei que<br />
foram muitas vezes comunica<strong>do</strong>s. Se presumirmos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidarmos com um sonho<br />
telepático assim, indisfarça<strong>do</strong> e inadultera<strong>do</strong>, surgirá outra questão. Deveríamos chamar essa<br />
experiência telepática realmente <strong>de</strong> ‘sonho’? Certamente o farão enquanto se ativerem à praxe<br />
popular, segun<strong>do</strong> a qual tu<strong>do</strong> o que acontece na vida mental durante o sono é chama<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
sonho. Vocês, também, talvez digam: ‘Agitei-me no sonho’ e ainda se acham menos conscientes<br />
<strong>de</strong> alguma incorreção quan<strong>do</strong> falam: ‘Derramei lágrimas no sonho’ ou ‘Senti-me apreensivo no<br />
sonho’. Mas sem dúvida notarão que em to<strong>do</strong>s esses casos estão empregan<strong>do</strong> ‘sonho’, ‘sono’ e<br />
‘esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> estar a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>’ intercambiavelmente, como se não houvesse distinção entre eles.<br />
Penso que seria interessante para a precisão científica manter ‘sonho’ e ‘esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sono’ mais<br />
distintamente separa<strong>do</strong>s. Por que <strong>de</strong>veríamos fornecer uma contrapartida à confusão evocada<br />
por Mae<strong>de</strong>r que, por recusar-se a distinguir entre a elaboração onírica e os pensamentos<br />
oníricos latentes, <strong>de</strong>scobriu uma nova função para os sonhos? Supon<strong>do</strong>-se, então, que somos<br />
coloca<strong>do</strong>s frente a frente com um ‘sonho’ telepático puro, <strong>de</strong>nominemo-lo <strong>de</strong> preferência, em vez<br />
<strong>de</strong> ‘sonho’, <strong>de</strong> experiência telepática em um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sono. Um sonho sem con<strong>de</strong>nsação,<br />
<strong>de</strong>formação, dramatização e, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, sem realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo, certamente não merece<br />
esse nome. Recordar-me-ão <strong>de</strong> que, sen<strong>do</strong> assim, existem <strong>outros</strong> produtos mentais no sono a<br />
que o direito <strong>de</strong> serem chama<strong>do</strong>s ‘sonhos’ teria <strong>de</strong> ser recusa<strong>do</strong>. Experiências reais <strong>do</strong> dia são,<br />
às vezes, simplesmente repetidas no sono; reproduções <strong>de</strong> cenas traumáticas em ‘sonhos’ [ver<br />
em [1]] levaram-nos ainda ultimamente a revisar a teoria <strong>do</strong>s sonhos. Há sonhos que <strong>de</strong>vem ser<br />
distingui<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tipo habitual por certas qualida<strong>de</strong>s especiais que, dizen<strong>do</strong> corretamente, nada<br />
mais são que fantasias noturnas, não haven<strong>do</strong> sofri<strong>do</strong> acréscimos ou alterações <strong>de</strong> espécie<br />
alguma e sen<strong>do</strong>, sob to<strong>do</strong>s os <strong>outros</strong> aspectos, semelhantes aos familiares <strong>de</strong>vaneios ou sonhos<br />
diurnos. Seria esquisito, sem dúvida, excluir essas estruturas <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s ‘sonhos’.