14.06.2013 Views

Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

persiste por longo tempo como o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento emprega<strong>do</strong> pelos instintos sexuais,<br />

que são difíceis <strong>de</strong> ‘educar’, e, partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>sses instintos, ou <strong>do</strong> próprio ego, com freqüência<br />

consegue vencer o <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>, em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> organismo como um to<strong>do</strong>.<br />

Não po<strong>de</strong>, porém, haver dúvida <strong>de</strong> que a substituição <strong>do</strong> <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong> pelo<br />

<strong>princípio</strong> <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> só po<strong>de</strong> ser responsabilizada por um pequeno número - e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> algum<br />

as mais intensas - das experiências <strong>de</strong>sagradáveis. Outra ocasião <strong>de</strong> liberação <strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>prazer</strong>,<br />

que ocorre com não menor regularida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser encontrada nos conflitos e dissensões que se<br />

efetuam no aparelho mental enquanto o ego está passan<strong>do</strong> por seu <strong>de</strong>senvolvimento para<br />

organizações mais altamente compostas. Quase toda a energia com que o aparelho se<br />

abastece, origina-se <strong>de</strong> seus impulsos instintuais inatos, mas não é a to<strong>do</strong>s estes que se permite<br />

atingir as mesmas fases <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. No curso das coisas, acontece repetidas vezes<br />

que instintos individuais ou parte <strong>de</strong> instintos se mostrem incompatíveis, em seus objetivos ou<br />

exigências, com os remanescentes, que po<strong>de</strong>m combinar-se na unida<strong>de</strong> inclusiva <strong>do</strong> ego. Os<br />

primeiros são então expeli<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong> pelo processo <strong>de</strong> repressão, manti<strong>do</strong>s em níveis<br />

inferiores <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento psíquico, e afasta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> início, da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> satisfação. Se<br />

subseqüentemente alcançam êxito - como tão facilmente acontece com os instintos sexuais<br />

reprimi<strong>do</strong>s - em conseguir chegar por caminhos indiretos a uma satisfação direta ou substitutiva,<br />

esse acontecimento, que em <strong>outros</strong> casos seria uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>, é sentida pelo ego<br />

como <strong>de</strong>s<strong>prazer</strong>. Em conseqüência <strong>do</strong> velho conflito que terminou pela repressão, uma nova<br />

ruptura ocorreu no <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong> no exato momento em que certos instintos estavam<br />

esforçan<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o <strong>princípio</strong>, por obter novo <strong>prazer</strong>. Os pormenores <strong>do</strong> processo<br />

pelo qual a repressão transforma uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong> numa fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>prazer</strong> ainda<br />

não estão claramente compreendi<strong>do</strong>s, ou não po<strong>de</strong>m ser claramente representa<strong>do</strong>s; não há<br />

dúvida, porém, <strong>de</strong> que to<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>prazer</strong> neurótico é <strong>de</strong>ssa espécie, ou seja, um <strong>prazer</strong> que não<br />

po<strong>de</strong> ser senti<strong>do</strong> como tal.<br />

As duas fontes <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>prazer</strong> que acabei <strong>de</strong> indicar estão muito longe <strong>de</strong> abranger a<br />

maioria <strong>de</strong> nossas experiências <strong>de</strong>sagradáveis; contu<strong>do</strong>, no que concerne ao restante, po<strong>de</strong>-se<br />

afirmar com certa justificativa que sua presença não contradiz a <strong>do</strong>minância <strong>do</strong> <strong>princípio</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>prazer</strong>. A maior parte <strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>prazer</strong> que experimentamos é um <strong>de</strong>s<strong>prazer</strong> perceptivo. Esse<br />

<strong>de</strong>s<strong>prazer</strong> po<strong>de</strong> ser a percepção <strong>de</strong> uma pressão por parte <strong>de</strong> instintos insatisfeitos, ou ser a<br />

percepção externa <strong>do</strong> que é aflitivo em si mesmo ou que excita expectativas <strong>de</strong>s<strong>prazer</strong>osas no<br />

aparelho mental, isto é, que é por ele reconheci<strong>do</strong> como um ‘perigo’. A reação <strong>de</strong>ssas exigências<br />

instintuais e ameaças <strong>de</strong> perigo, reação que constitui a ativida<strong>de</strong> apropriada <strong>do</strong> aparelho mental,<br />

po<strong>de</strong> ser então dirigida <strong>de</strong> maneira correta pelo <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong> ou pelo <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> realida<strong>de</strong><br />

pelo qual o primeiro é modifica<strong>do</strong>. Isso não parece tornar necessária nenhuma limitação <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> alcance <strong>do</strong> <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>. Não obstante, a investigação da reação mental ao perigo<br />

externo encontra-se precisamente em posição <strong>de</strong> produzir novos materiais e levantar novas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!