Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>outros</strong> sistemas permaneceriam inexplica<strong>do</strong>s. Tampouco os fenômenos muito<br />
violentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga a que o sofrimento dá origem influenciam nossa explicação, porque<br />
ocorrem <strong>de</strong> maneira reflexa, ou seja, <strong>de</strong>correm sem a intervenção <strong>do</strong> aparelho mental. A<br />
in<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> todas as nossas discussões sobre o que <strong>de</strong>screvemos como meta<strong>psicologia</strong>, é<br />
naturalmente <strong>de</strong>vida ao fato <strong>de</strong> nada sabermos sobre a natureza <strong>do</strong> processo excitatório que se<br />
efetua nos elementos <strong>do</strong>s sistemas psíquicos, e ao fato <strong>de</strong> não nos sentirmos justifica<strong>do</strong>s em<br />
estruturar qualquer hipótese sobre o assunto. Por conseguinte, ficamos operan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o tempo<br />
com um gran<strong>de</strong> fator <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>, que somos obriga<strong>do</strong>s a transportar para cada nova fórmula.<br />
Po<strong>de</strong>r-se-ia razoavelmente supor que esse processo excitatório possa ser executa<strong>do</strong> com<br />
energias que variam quantitativamente; po<strong>de</strong> também parecer provável que ele tenha mais <strong>do</strong><br />
que uma só qualida<strong>de</strong> (da natureza da amplitu<strong>de</strong>, por exemplo). Como novo fator, tomamos em<br />
consi<strong>de</strong>ração a hipótese <strong>de</strong> Breuer <strong>de</strong> que as cargas <strong>de</strong> energia ocorrem sob duas formas [ver<br />
em [1] e [2] ], <strong>de</strong> maneira que temos <strong>de</strong> distinguir entre <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> catexia <strong>do</strong>s sistemas<br />
psíquicos ou seus elementos: uma catexia que flui livremente e pressiona no senti<strong>do</strong> da<br />
<strong>de</strong>scarga e uma catexia quiescente. Po<strong>de</strong>mos talvez suspeitar <strong>de</strong> que a vinculação da energia<br />
que flui para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> aparelho mental consiste em sua mudança <strong>de</strong> um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> fluxo livre<br />
para um esta<strong>do</strong> quiescente.<br />
Po<strong>de</strong>mos, acredito, atrever-nos experimentalmente a consi<strong>de</strong>rar a neurose traumática<br />
comum como conseqüência <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> ruptura que foi causada no escu<strong>do</strong> protetor contra<br />
os estímulos. Isso pareceria restabelecer a antiga e ingênua teoria <strong>do</strong> choque, em aparente<br />
contraste com a teoria posterior e psicologicamente mais ambiciosa que atribuiu importância<br />
etiológica não aos efeitos da violência mecânica, mas ao susto e à ameaça à vida. Esses pontos<br />
<strong>de</strong> vista opostos não são, entretanto, irreconciliáveis, nem tampouco a concepção psicanalítica<br />
das neuroses traumáticas é idêntica à teoria <strong>do</strong> choque em sua forma mais grosseira. Esta<br />
última consi<strong>de</strong>ra a essência <strong>do</strong> choque como sen<strong>do</strong> o dano direto à estrutura molecular ou<br />
mesmo à estrutura histológica <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong> sistema nervoso, ao passo que aquilo que nós<br />
procuramos compreen<strong>de</strong>r são os efeitos produzi<strong>do</strong>s sobre o órgão da mente pela ruptura <strong>do</strong><br />
escu<strong>do</strong> contra estímulos e pelos problemas que se seguem em sua esteira. E atribuímos ainda<br />
importância ao elemento <strong>de</strong> susto. Ele é causa<strong>do</strong> pela falta <strong>de</strong> qualquer preparação para a<br />
ansieda<strong>de</strong>, inclusive a falta <strong>de</strong> hipercatexia <strong>do</strong>s sistemas que seriam os primeiros a receber o<br />
estímulo. Devi<strong>do</strong> à sua baixa catexia, esses sistemas não se encontram em boa posição para<br />
vincular as quantida<strong>de</strong>s afluentes <strong>de</strong> excitação, e as conseqüências da ruptura no escu<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>fensivo <strong>de</strong>correm mais facilmente ainda. Ver-se-á, então, que a preparação para a ansieda<strong>de</strong><br />
e a hipercatexia <strong>do</strong>s sistemas receptivos constitui a última linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> escu<strong>do</strong> contra<br />
estímulos. No caso <strong>de</strong> bom número <strong>de</strong> traumas, a diferença entre sistemas que estão<br />
<strong>de</strong>sprepara<strong>do</strong>s e sistemas que se acham bem prepara<strong>do</strong>s através da hipercatexia, po<strong>de</strong><br />
constituir fator <strong>de</strong>cisivo na <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>, embora, on<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trauma