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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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Deve ser fascina<strong>do</strong> por uma intensa fé (numa idéia), a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar a fé <strong>do</strong> <strong>grupo</strong>; tem <strong>de</strong><br />

possuir vonta<strong>de</strong> forte e imponente, que o <strong>grupo</strong>, que não tem vonta<strong>de</strong> própria, possa <strong>de</strong>le<br />

aceitar. Le Bon discute então os diferentes tipos <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res e os meios pelos quais atuam sobre o<br />

<strong>grupo</strong>. Em geral, acredita que os lí<strong>de</strong>res se fazem nota<strong>do</strong>s por meio das idéias em que eles<br />

próprios acreditam fanaticamente.<br />

<strong>Além</strong> disso, atribui tanto às idéias quanto aos lí<strong>de</strong>res um po<strong>de</strong>r misterioso e irresistível, a<br />

que chama <strong>de</strong> ‘prestígio’. O prestígio é uma espécie <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio exerci<strong>do</strong> sobre nós por um<br />

indivíduo, um trabalho ou uma idéia. Paralisa inteiramente nossas faculda<strong>de</strong>s críticas e enche-<br />

nos <strong>de</strong> admiração e respeito. Parece que <strong>de</strong>sperta um sentimento como o da ‘fascinação’ na<br />

hipnose (ibid., 148). Le Bon faz distinção entre o prestígio adquiri<strong>do</strong> ou artificial e o prestígio<br />

pessoal. O primeiro se liga às pessoas em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu nome, fortuna e reputação, e a<br />

opiniões, obras <strong>de</strong> arte etc. em virtu<strong>de</strong> da tradição. Des<strong>de</strong> que em to<strong>do</strong>s os casos ele remonta ao<br />

passa<strong>do</strong>, não nos po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> auxílio para a compreensão <strong>de</strong>ssa influência enigmática.<br />

O prestígio pessoal liga-se a umas poucas pessoas, que se tornam lí<strong>de</strong>res por meio <strong>de</strong>le, e tem<br />

o efeito <strong>de</strong> fazer com que to<strong>do</strong>s as obe<strong>de</strong>çam como se fosse pelo funcionamento <strong>de</strong> alguma<br />

magia magnética. To<strong>do</strong> prestígio, contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também <strong>do</strong> sucesso e se per<strong>de</strong> em caso <strong>de</strong><br />

fracasso (ibid., 159).<br />

Le Bon não dá a impressão <strong>de</strong> haver consegui<strong>do</strong> colocar a função <strong>do</strong> lí<strong>de</strong>r e a<br />

importância <strong>do</strong> prestígio completamente em harmonia com seu retrato brilhantemente executa<strong>do</strong><br />

da mente grupal.<br />

III - OUTRAS DESCRIÇÕES DA VIDA MENTAL COLETIVA<br />

Utilizamos a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Le Bon à guisa <strong>de</strong> introdução, por ajustar-se tão bem à nossa<br />

própria <strong>psicologia</strong> na ênfase que dá à vida mental inconsciente. Mas temos agora <strong>de</strong> acrescentar<br />

que, na realida<strong>de</strong>, nenhuma das afirmativas <strong>de</strong>sse autor apresentou algo <strong>de</strong> novo. Tu<strong>do</strong> o que<br />

diz em <strong>de</strong>trimento e <strong>de</strong>preciação das manifestações da mente grupal, já fora dito por <strong>outros</strong><br />

antes <strong>de</strong>le, com igual niti<strong>de</strong>z e igual hostilida<strong>de</strong>, e fora repeti<strong>do</strong> em uníssono por pensa<strong>do</strong>res,<br />

estadistas e escritores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros perío<strong>do</strong>s da literatura. As duas teses que abrangem<br />

as mais importantes das opiniões <strong>de</strong> Le Bon, ou seja, as que tocam na inibição coletiva <strong>do</strong><br />

funcionamento intelectual e na elevação da afetivida<strong>de</strong> nos <strong>grupo</strong>s, foram formuladas pouco<br />

antes por Sighele. No fun<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> o que resta como peculiar a Le Bon são as duas noções <strong>do</strong><br />

inconsciente e da comparação com a vida mental <strong>do</strong>s povos primitivos, e mesmo estas<br />

naturalmente, já haviam si<strong>do</strong> com freqüência aludidas antes <strong>de</strong>le.<br />

Contu<strong>do</strong> - o que é mais -, a <strong>de</strong>scrição e a estimativa da mente grupal, tal como<br />

fornecidas por Le Bon e os <strong>outros</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> algum foram <strong>de</strong>ixadas sem objeção. Não há dúvida

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