Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
adquirida (se foi realmente adquirida) tem <strong>de</strong> ser atribuída à constituição inata. Assim, na prática,<br />
vemos uma contínua mescla e mistura <strong>do</strong> que em teoria tentaríamos separar em um par <strong>de</strong><br />
opostos, a saber, caracteres herda<strong>do</strong>s e adquiri<strong>do</strong>s.<br />
Se a análise tivesse termina<strong>do</strong> mais ce<strong>do</strong>, mais prematuramente ainda, haveria a<br />
possível opinião <strong>de</strong> que se tratava <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> homossexualismo posteriormente adquiri<strong>do</strong>;<br />
porém, tal como foi, uma consi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong> material nos impele a concluir tratar-se, antes, <strong>de</strong> um<br />
caso <strong>de</strong> homossexualismo congênito, o qual, como <strong>de</strong> praxe, fixou-se e se tornou<br />
inequivocamente manifesto apenas no perío<strong>do</strong> seguinte à puberda<strong>de</strong>. Cada uma <strong>de</strong>ssas<br />
classificações faz justiça apenas a uma parte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas verificável pela observação,<br />
mas <strong>de</strong>spreza a outra. Seria melhor não ligar <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> valor a esse mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> enunciar o<br />
problema.<br />
A literatura <strong>do</strong> homossexualismo em geral <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> distinguir claramente entre as<br />
questões da escolha <strong>do</strong> objeto, por um la<strong>do</strong>, e das características sexuais e da atitu<strong>de</strong> sexual <strong>do</strong><br />
sujeito, pelo outro, como se a resposta à primeira necessariamente envolvesse as respostas às<br />
últimas. A experiência, contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>monstra o contrário: um homem com características<br />
pre<strong>do</strong>minantemente masculinas e também masculino em sua vida erótica po<strong>de</strong> ainda ser<br />
inverti<strong>do</strong> com respeito ao seu objeto, aman<strong>do</strong> apenas homens, em vez <strong>de</strong> mulheres. Um homem<br />
em cujo caráter os atributos femininos obviamente pre<strong>do</strong>minam, que possa, na verda<strong>de</strong>,<br />
comportar-se no amor como uma mulher, <strong>de</strong>le se po<strong>de</strong>ria esperar, com essa atitu<strong>de</strong> feminina,<br />
que escolhesse um homem como objeto amoroso; não obstante, po<strong>de</strong> ser heterossexual e não<br />
mostrar, com respeito a seu objeto, mais inversão <strong>do</strong> que um homem médio normal. O mesmo<br />
proce<strong>de</strong>, quanto às mulheres; também aqui o caráter sexual mental e a escolha <strong>de</strong> objeto não<br />
coinci<strong>de</strong>m necessariamente. O mistério <strong>do</strong> homossexualismo, portanto, não é <strong>de</strong> maneira<br />
alguma tão simples quanto comumente se retrata nas exposições populares: ‘uma mente<br />
feminina, fadada assim a amar um homem, mas infelizmente ligada a um corpo masculino; uma<br />
mente masculina, irresistivelmente atraída pelas mulheres, mas, ai <strong>de</strong>la, aprisionada em um<br />
corpo feminino’. Trata-se, em seu lugar, <strong>de</strong> uma questão <strong>de</strong> três conjuntos <strong>de</strong> características, a<br />
saber:<br />
Caracteres sexuais físicos<br />
(hermafroditismo físico)<br />
Caracteres sexuais mentais<br />
(atitu<strong>de</strong> masculina ou feminina)<br />
Tipo <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> objeto