Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
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suavização nos costumes humanos. A causa <strong>de</strong>ve ser antes achada no inegável<br />
enfraquecimento <strong>do</strong>s sentimentos religiosos e <strong>do</strong>s laços libidinais que <strong>de</strong>les <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m. Se outro<br />
laço grupal tomar o lugar <strong>do</strong> religioso - e o socialista parece estar obten<strong>do</strong> sucesso em conseguir<br />
isso -, haverá então a mesma intolerância para com os profanos que ocorreu na época das<br />
Guerras <strong>de</strong> Religião, e, se diferenças entre opiniões científicas chegassem um dia a atingir uma<br />
significação semelhante para <strong>grupo</strong>s, o mesmo resulta<strong>do</strong> se repetiria mais uma vez com essa<br />
nova motivação.<br />
VI - OUTROS PROBLEMAS E LINHAS DE TRABALHO<br />
Até aqui consi<strong>de</strong>ramos <strong>do</strong>is <strong>grupo</strong>s artificiais e <strong>de</strong>scobrimos que ambos são <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s<br />
por laços emocionais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is tipos. Um <strong>de</strong>stes, o laço com o lí<strong>de</strong>r, parece (pelo menos para<br />
esses casos) ser um fator mais <strong>do</strong>minante <strong>do</strong> que o outro, que é manti<strong>do</strong> entre os membros <strong>do</strong><br />
<strong>grupo</strong>.<br />
Ora, muito mais resta a ser examina<strong>do</strong> e <strong>de</strong>scrito na morfologia <strong>do</strong>s <strong>grupo</strong>s. Teremos <strong>de</strong><br />
partir <strong>do</strong> fato verifica<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> o qual uma simples reunião <strong>de</strong> pessoas não constitui um <strong>grupo</strong><br />
enquanto esses laços não se tiverem estabeleci<strong>do</strong> nele; teremos, porém, <strong>de</strong> admitir que em<br />
qualquer reunião <strong>de</strong> pessoas a tendência a formar um <strong>grupo</strong> psicológico po<strong>de</strong> muito facilmente<br />
vir à tona. Teremos <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r atenção aos diferentes tipos <strong>de</strong> <strong>grupo</strong>s, mais ou menos<br />
estáveis, que surgem espontaneamente, e estudar as condições <strong>de</strong> sua origem e dissolução.<br />
Teremos <strong>de</strong> nos interessar, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, pela distinção existente entre os <strong>grupo</strong>s que possuem<br />
um lí<strong>de</strong>r e os <strong>grupo</strong>s sem lí<strong>de</strong>r. Teremos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar se os <strong>grupo</strong>s com lí<strong>de</strong>res talvez não<br />
sejam os mais primitivos e completos, se nos <strong>outros</strong> uma idéia, uma abstração, não po<strong>de</strong> tomar<br />
o lugar <strong>do</strong> lí<strong>de</strong>r (esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas para o qual os <strong>grupo</strong>s religiosos, com seu chefe invisível,<br />
constituem etapa transitória), e se uma tendência comum, um <strong>de</strong>sejo, em que certo número <strong>de</strong><br />
pessoas tenha uma parte, não po<strong>de</strong>rá, da mesma maneira, servir <strong>de</strong> sucedâneo. Essa<br />
abstração, ainda, po<strong>de</strong>rá achar-se mais ou menos completamente corporificada na figura <strong>do</strong> que<br />
po<strong>de</strong>ríamos chamar <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r secundário, e interessantes variações surgiriam da relação entre a<br />
idéia e o lí<strong>de</strong>r. O lí<strong>de</strong>r ou a idéia <strong>do</strong>minante po<strong>de</strong>riam também, por assim dizer, ser negativos; o<br />
ódio contra uma <strong>de</strong>terminada pessoa ou instituição po<strong>de</strong>ria funcionar exatamente da mesma<br />
maneira unifica<strong>do</strong>ra e evocar o mesmo tipo <strong>de</strong> laços emocionais que a ligação positiva. Surgiria<br />
então a questão <strong>de</strong> saber se o lí<strong>de</strong>r é realmente indispensável à essência <strong>de</strong> um <strong>grupo</strong>, e outras<br />
ainda, além <strong>de</strong>ssa.<br />
Contu<strong>do</strong>, todas essas questões, que po<strong>de</strong>m, além disso, ter si<strong>do</strong> apenas parcialmente<br />
tratadas na literatura sobre <strong>psicologia</strong> <strong>de</strong> <strong>grupo</strong>, não conseguirão <strong>de</strong>sviar nosso interesse <strong>do</strong>s