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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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Em muitos indivíduos, a separação entre o ego e o i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> ego não se acha muito avançada e<br />

os <strong>do</strong>is ainda coinci<strong>de</strong>m facilmente; o ego amiú<strong>de</strong> preservou sua primitiva autocomplacência<br />

narcisista. A seleção <strong>do</strong> lí<strong>de</strong>r é muitíssimo facilitada por essa circunstância. Com freqüência<br />

precisa apenas possuir as qualida<strong>de</strong>s típicas <strong>do</strong>s indivíduos interessa<strong>do</strong>s sob uma forma pura,<br />

clara e particularmente acentuada, necessitan<strong>do</strong> somente fornecer uma impressão <strong>de</strong> maior<br />

força e <strong>de</strong> mais liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> libi<strong>do</strong>. Nesse caso, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um chefe forte<br />

freqüentemente o encontrará a meio caminho, e o investirá <strong>de</strong> uma pre<strong>do</strong>minância que <strong>de</strong> outro<br />

mo<strong>do</strong> talvez não pu<strong>de</strong>sse reivindicar. Os <strong>outros</strong> membros <strong>do</strong> <strong>grupo</strong>, cujo i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> ego, salvo isso,<br />

não se haveria corporifica<strong>do</strong> em sua pessoa sem alguma correção, são então arrasta<strong>do</strong>s com os<br />

<strong>de</strong>mais por ‘sugestão’, isto é, por meio da i<strong>de</strong>ntificação.<br />

Estamos cientes <strong>de</strong> que aquilo com que pu<strong>de</strong>mos contribuir para a explicação da<br />

estrutura libidinal <strong>do</strong>s <strong>grupo</strong>s, reconduz à distinção entre o ego e o i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> ego e à dupla<br />

espécie <strong>de</strong> vínculo que isso possibilita: a i<strong>de</strong>ntificação e a colocação <strong>do</strong> objeto no lugar <strong>do</strong> i<strong>de</strong>al<br />

<strong>do</strong> ego. A pressuposição <strong>de</strong>ssa espécie <strong>de</strong> gradação diferencia<strong>do</strong>ra no ego como um primeiro<br />

passo para a análise <strong>do</strong> ego <strong>de</strong>ve gradualmente estabelecer sua justificativa nas quais diversas<br />

regiões da <strong>psicologia</strong>. Em meu artigo sobre narcisismo [1914c], reuni to<strong>do</strong> o material patológico<br />

que na ocasião podia ser utiliza<strong>do</strong> em apoio <strong>de</strong>ssa diferenciação. Contu<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos esperar<br />

que, ao penetrarmos mais profundamente na <strong>psicologia</strong> das psicoses, <strong>de</strong>scobriremos que sua<br />

significação é muito maior. Reflitamos que o ego ingressa agora na relação <strong>de</strong> um objeto para<br />

com o i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> ego, <strong>de</strong>le <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, e que a ação recíproca total entre um objeto externo e o<br />

ego como um to<strong>do</strong>, com que nosso estu<strong>do</strong> das neuroses nos familiarizou, <strong>de</strong>ve possivelmente<br />

repetir-se nessa nova cena <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> ego.<br />

Nesse ponto acompanharei apenas uma das conseqüências que, partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse<br />

enfoque, parecem possíveis retoman<strong>do</strong> assim o <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> um problema que fui obriga<strong>do</strong> a<br />

<strong>de</strong>ixar, noutra parte, sem solução.Cada uma das diferenciações mentais com que nos<br />

familiarizamos, representa um novo agravamento das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> funcionamento mental,<br />

aumenta a sua instabilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> tornar-se o ponto <strong>de</strong> partida para a sua <strong>de</strong>sintegração, isto<br />

é, para o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>ença. Assim, com o nascimento, <strong>de</strong>mos o primeiro passo<br />

<strong>de</strong> um narcisismo absolutamente auto-suficiente para a percepção <strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> externo<br />

cambiante e para os primórdios da <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>s objetos. A isso está associa<strong>do</strong> o fato <strong>de</strong> não<br />

po<strong>de</strong>rmos suportar o novo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas por muito tempo, <strong>de</strong> periodicamente <strong>de</strong>le<br />

revertermos, no sono, à nossa anterior condição <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> estimulação e fuga <strong>de</strong> objetos.<br />

É verda<strong>de</strong>, contu<strong>do</strong>, que nisto estamos seguin<strong>do</strong> uma sugestão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> externo que, através<br />

da mudança periódica <strong>do</strong> dia e da noite, afasta temporariamente a maior parte <strong>do</strong>s estímulos que<br />

nos influenciam. O segun<strong>do</strong> exemplo <strong>de</strong> um tal passo, patologicamente mais importante, não<br />

está sujeito a essa restrição. No curso <strong>de</strong> nossa evolução, efetuamos uma separação <strong>de</strong> nossa<br />

existência mental em um ego coerente e em uma parte inconsciente e reprimida que é <strong>de</strong>ixada

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