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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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constituiria, nesse caso, um retorno a uma fase anterior da história <strong>do</strong> instinto, uma regressão. A<br />

<strong>de</strong>scrição anteriormente fornecida <strong>do</strong> masoquismo exige uma emenda por ter si<strong>do</strong> ampla <strong>de</strong>mais<br />

sob um aspecto: po<strong>de</strong> haver um masoquismo primário, possibilida<strong>de</strong> que naquela época<br />

contestei.<br />

Retornemos, porém, aos instintos sexuais autoconserva<strong>do</strong>res. As experiências com os<br />

protistas já <strong>de</strong>monstraram que a conjugação, isto é, a coalescência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is indivíduos que se<br />

separam logo após sem que qualquer divisão celular subseqüente ocorra, tem efeito fortalece<strong>do</strong>r<br />

e rejuvenesce<strong>do</strong>r sobre ambos. Nas gerações posteriores, não mostram sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>generação<br />

e parecem aptos a opor resistência mais prolongada aos efeitos prejudiciais <strong>de</strong> seu próprio<br />

metabolismo. Essa observação isolada po<strong>de</strong>, penso eu, ser tomada como típica <strong>do</strong> efeito<br />

produzi<strong>do</strong> também pela união sexual. Mas, como é que a coalescência <strong>de</strong> duas células apenas<br />

ligeiramente diferentes po<strong>de</strong> ocasionar essa renovação da vida? O experimento que substitui a<br />

conjugação <strong>do</strong>s protozoários pela aplicação <strong>de</strong> estímulos químicos ou mesmo mecânicos (cf.<br />

Lipschütz, 1914), permite-nos dar o que é, indubitavelmente, uma resposta conclusiva a essa<br />

pergunta. O resulta<strong>do</strong> é ocasiona<strong>do</strong> pelo influxo <strong>de</strong> novas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estímulo. Isso condiz<br />

bem com a hipótese <strong>de</strong> que os processos vitais <strong>do</strong> indivíduo levam, por razões internas, a uma<br />

abolição das tensões químicas, isto é, à morte, ao passo que a união com a substância viva <strong>de</strong><br />

um indivíduo diferente aumenta essas tensões, introduzin<strong>do</strong> o que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito como novas<br />

‘diferenças vitais’, que <strong>de</strong>vem então ser vividas. Com referência a essa <strong>de</strong>ssemelhança,<br />

naturalmente tem <strong>de</strong> haver um ou mais pontos ótimos. A tendência <strong>do</strong>minante da vida mental e,<br />

talvez, da vida nervosa em geral, é o esforço para reduzir, para manter constante ou para<br />

remover a tensão interna <strong>de</strong>vida aos estímulos (o ‘<strong>princípio</strong> <strong>do</strong> Nirvana’, para tomar <strong>de</strong><br />

empréstimo uma expressão <strong>de</strong> Barbara Low [1920, 73]), tendência que encontra expressão no<br />

<strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>, e o reconhecimento <strong>de</strong>sse fato constitui uma <strong>de</strong> nossas mais fortes razões<br />

para acreditar na existência <strong>do</strong>s instintos <strong>de</strong> morte.<br />

Contu<strong>do</strong>, ainda sentimos nossa linha <strong>de</strong> pensamento apreciavelmente entravada pelo<br />

fato <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>rmos atribuir ao instinto sexual a característica <strong>de</strong> uma compulsão à repetição<br />

que primeiramente nos colocou na trilha <strong>do</strong>s instintos <strong>de</strong> morte. A esfera <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento embrionário é, sem dúvida alguma, extremamente rica em tais fenômenos <strong>de</strong><br />

repetição; as duas células germinais que estão envolvidas na reprodução sexual, e a história <strong>de</strong><br />

sua vida são apenas repetições <strong>do</strong>s começos da vida orgânica. Mas a essência <strong>do</strong> processo a<br />

que a vida sexual se dirige é a coalescência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is corpos celulares. Só isso é que assegura a<br />

imortalida<strong>de</strong> da substância viva nos organismos superiores.<br />

Em outras palavras, precisamos <strong>de</strong> mais informações sobre a origem da reprodução<br />

sexual e <strong>do</strong>s instintos sexuais em geral. Trata-se <strong>de</strong> problema capaz <strong>de</strong> atemorizar um leigo, e<br />

que os próprios especialistas ainda não foram capazes <strong>de</strong> resolver. Assim, forneceremos apenas<br />

o mais breve resumo <strong>do</strong> que parece pertinente à nossa linha <strong>de</strong> pensamento, entre as minhas

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