Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
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então, o soma <strong>do</strong>s organismos superiores morreu a perío<strong>do</strong>s fixos por razões internas, ao passo<br />
que os protistas permaneceram imortais. Não é o caso, por outro la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> a reprodução ter si<strong>do</strong><br />
introduzida ao mesmo tempo que a morte. Pelo contrário, trata-se <strong>de</strong> uma característica primitiva<br />
da matéria viva, como o crescimento (<strong>do</strong> qual se originou), e a vida foi contínua <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu início<br />
sobre a Terra (Weismann, 1884, 84 e seg.).<br />
Ver-se-á em seguida que concordar <strong>de</strong>ssa maneira que os organismos superiores<br />
tenham uma morte natural é <strong>de</strong> muito pouco auxílio para nós, porque, se a morte é uma<br />
aquisição tardia <strong>do</strong>s organismos, então não há o que falar quanto a ter havi<strong>do</strong> instintos <strong>de</strong> morte<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo da vida sobre a Terra. Os organismos multicelulares po<strong>de</strong>m morrer por razões<br />
internas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma diferenciação <strong>de</strong>ficiente ou a imperfeições <strong>de</strong> seu metabolismo, mas a<br />
questão não tem interesse <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> nosso problema. Uma explicação da origem da<br />
morte como esta encontra-se, a<strong>de</strong>mais, em muito menor variância com nossos mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
pensamentos habituais <strong>do</strong> que a estranha pressuposição <strong>do</strong>s ‘instintos <strong>de</strong> morte’.<br />
O <strong>de</strong>bate que se seguiu às sugestões <strong>de</strong> Weismann não conduziu, até on<strong>de</strong> posso<br />
perceber, a nenhum resulta<strong>do</strong> conclusivo em qualquer direção. Alguns escritores retornaram às<br />
opiniões <strong>de</strong> Goethe (1883), que consi<strong>de</strong>rava a morte o resulta<strong>do</strong> direto da reprodução. Hartmann<br />
(1906, 29) não consi<strong>de</strong>ra a aparência <strong>de</strong> um ‘cadáver’ - uma parte morta da substância viva -<br />
como critério <strong>de</strong> morte, mas <strong>de</strong>fine esta como sen<strong>do</strong> ‘o término <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento individual’.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, também os protozoários são mortais; em seu caso, a morte também coinci<strong>de</strong><br />
com a reprodução, mas é, até certo ponto, obscurecida por ela, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que toda a substância <strong>do</strong><br />
animal pai po<strong>de</strong> ser diretamente transmitida à jovem progênie.<br />
Pouco <strong>de</strong>pois, a pesquisa voltou-se para a verificação experimental, em organismos<br />
unicelulares, da alegada imortalida<strong>de</strong> da substância viva. Um biólogo americano, Woodruff,<br />
fazen<strong>do</strong> experiências com um infusório cilia<strong>do</strong>, o ‘animálculo <strong>de</strong>sliza<strong>do</strong>r’ (slipper-animalcule), que<br />
se reproduz por fissão em <strong>do</strong>is <strong>outros</strong> indivíduos, persistiu até a 3.029ª geração (ocasião em que<br />
interrompeu a experiência), a cada vez isolan<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s produtos parciais e colocan<strong>do</strong>-o em<br />
água nova. Esse remoto <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> primeiro animálculo era tão vivaz quanto seu<br />
antepassa<strong>do</strong> e não apresentava sinais <strong>de</strong> envelhecimento ou <strong>de</strong>generação. Assim, até on<strong>de</strong><br />
cifras <strong>de</strong>sse tipo po<strong>de</strong>m provar algo, a imortalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s protozoários pareceu ser<br />
experimentalmente <strong>de</strong>monstrável.<br />
Outros experimenta<strong>do</strong>res chegaram a resulta<strong>do</strong>s diferentes. Maupas, Calkins e <strong>outros</strong>,<br />
em contraste com Woodruff, <strong>de</strong>scobriram que, após certo número <strong>de</strong> divisões, aqueles infusórios<br />
se tornavam mais débeis, diminuíam <strong>de</strong> tamanho, sofriam a perda <strong>de</strong> alguma parte <strong>de</strong> sua<br />
organização e acabavam por morrer, a menos que certas medidas recupera<strong>do</strong>ras lhes fossem<br />
aplicadas. Se assim for, os protozoários pareceriam morrer após uma fase <strong>de</strong> senescência,<br />
exatamente como aos animais superiores, contraditan<strong>do</strong> assim completamente a assertiva<br />
weismanniana <strong>de</strong> que a morte é uma aquisição tardia <strong>do</strong>s organismos vivos.