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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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<strong>de</strong>ificação. Se morria, tinha <strong>de</strong> ser substituí<strong>do</strong>; seu lugar era provavelmente toma<strong>do</strong> por um filho<br />

mais jovem, que até então fora um membro <strong>do</strong> <strong>grupo</strong>, como qualquer outro. Deve existir,<br />

portanto, uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar a <strong>psicologia</strong> <strong>de</strong> <strong>grupo</strong> em <strong>psicologia</strong> individual; há<br />

que <strong>de</strong>scobrir uma condição sob a qual tal transformação seja facilmente realizada, como é<br />

possível às abelhas transformarem, em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, uma larva numa rainha em lugar<br />

<strong>de</strong> uma operária. Po<strong>de</strong>-se imaginar apenas uma possibilida<strong>de</strong>: o pai primevo impedira os filhos<br />

<strong>de</strong> satisfazer seus impulsos diretamente sexuais; forçara-os à abstinência e, conseqüentemente,<br />

aos laços emocionais com ele e uns com os <strong>outros</strong>, que po<strong>de</strong>riam surgir daqueles <strong>de</strong> seus<br />

impulsos antes inibi<strong>do</strong>s em seu objetivo sexual. Ele os forçara, por assim dizer, à <strong>psicologia</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>grupo</strong>. Seu ciúme e intolerância sexual tornaram-se, em última análise, as causas da <strong>psicologia</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>grupo</strong>.<br />

Quem quer que se haja torna<strong>do</strong> seu sucessor recebeu também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

satisfação sexual e, por esse meio, lhe foi dada uma saída para as condições <strong>de</strong> <strong>psicologia</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>grupo</strong>. A fixação da libi<strong>do</strong> na mulher e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> satisfação sem qualquer necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> adiamento ou acúmulo puseram fim à importância daqueles entre seus impulsos sexuais que<br />

se achavam inibi<strong>do</strong>s em seu objetivo, e permitiram ao seu narcisismo elevar-se sempre, até<br />

chegar a seu apogeu total. Retornaremos, em um pós-escrito [ver em [1] e segs.] a essa<br />

conexão entre amor e formação <strong>do</strong> caráter.<br />

A seguir, como algo especialmente instrutivo, po<strong>de</strong>mos dar ênfase à relação que existe<br />

entre o ardil pelo qual um <strong>grupo</strong> artificial se mantém uni<strong>do</strong>, e a constituição da horda primeva.<br />

Vimos que, com o exército e a Igreja, esse artifício é a ilusão <strong>de</strong> que o lí<strong>de</strong>r ama to<strong>do</strong>s os<br />

indivíduos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> igual e justo. Mas isso constitui apenas uma remo<strong>de</strong>lação i<strong>de</strong>alística <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas na horda primeva, on<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os filhos sabiam que eram igualmente<br />

persegui<strong>do</strong>s pelo pai primevo e o temiam igualmente. Essa mesma remoldagem sobre a qual<br />

to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>veres sociais se erguem, já se acha pressuposta pela forma seguinte da socieda<strong>de</strong><br />

humana, o clã totêmico. A força in<strong>de</strong>strutível da família como formação natural <strong>de</strong> <strong>grupo</strong> resi<strong>de</strong><br />

no fato <strong>de</strong> que essa pressuposição necessária <strong>do</strong> amor igual <strong>do</strong> pai po<strong>de</strong> ter uma aplicação real<br />

na família.<br />

Nós, todavia, esperamos mais ainda <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>rivação <strong>do</strong> <strong>grupo</strong> a partir da horda<br />

primeva. Ela <strong>de</strong>veria também ajudar-nos a enten<strong>de</strong>r o que ainda é incompreensível e misterioso<br />

nas formações <strong>de</strong> <strong>grupo</strong>, tu<strong>do</strong> o que jaz escondi<strong>do</strong> por trás das enigmáticas palavras ‘hipnose’ e<br />

‘sugestão’. E acho que isso também po<strong>de</strong> ser bem-sucedi<strong>do</strong>. Relembremos que nela a hipnose<br />

tem algo <strong>de</strong> positivamente misterioso, mas a característica <strong>de</strong> mistério sugere algo <strong>de</strong> antigo e<br />

familiar que experimentou uma repressão. Consi<strong>de</strong>remos como a hipnose é induzida. O<br />

hipnotiza<strong>do</strong>r afirma que se acha <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r misterioso que <strong>de</strong>spoja o sujeito <strong>de</strong> sua<br />

própria vonta<strong>de</strong> ou, o que é a mesma coisa, o sujeito crê nisso. Esse po<strong>de</strong>r misterioso (que<br />

ainda hoje é muitas vezes popularmente <strong>de</strong>scrito como ‘magnetismo animal’) <strong>de</strong>ve ser o mesmo

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