Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
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mais o material à minha disposição. Seja como for, ver-se-á que tal explicação não influenciaria<br />
o tema <strong>de</strong>ste artigo.<br />
Tampouco me embaraça indagarem-me por que não fiz uso da abundante reserva <strong>de</strong><br />
sonhos telepáticos ocorrida na literatura <strong>do</strong> assunto. Não teria <strong>de</strong> procurar muito, visto que as<br />
publicações tanto da Socieda<strong>de</strong> Inglesa quanto da Socieda<strong>de</strong> Americana <strong>de</strong> Pesquisas<br />
Psíquicas me são acessíveis como membro <strong>de</strong> ambas. Em nenhum <strong>de</strong>sses relatos há qualquer<br />
tentativa <strong>de</strong> submeter tais sonhos à investigação analítica, que seria nosso primeiro interesse em<br />
casos assim. A<strong>de</strong>mais, logo perceberão que, para os fins <strong>do</strong> presente artigo, um único sonho<br />
será o bastante.<br />
Assim, meu material consiste simples e unicamente em <strong>do</strong>is relatos que chegaram até<br />
mim <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>ntes na Alemanha. Os autores não me são pessoalmente conheci<strong>do</strong>s, mas<br />
fornecem seus nomes e en<strong>de</strong>reços; não tenho o menor fundamento para presumir, <strong>de</strong> sua parte,<br />
qualquer intenção <strong>de</strong> embuste.<br />
I<br />
Com o primeiro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is já havia manti<strong>do</strong> correspondência; fora suficientemente gentil<br />
em enviar-me, como muitos <strong>de</strong> meus leitores fazem, observações <strong>de</strong> ocorrências cotidianas e<br />
coisas assim. Trata-se obviamente <strong>de</strong> um homem instruí<strong>do</strong> e extremamente inteligente; <strong>de</strong>ssa<br />
vez, coloca expressamente seu material à minha disposição, caso me interesse em transformá-lo<br />
em ‘relato literário’.<br />
Sua carta diz o seguinte:<br />
‘Consi<strong>de</strong>ro o seguinte sonho como <strong>de</strong> interesse suficiente para que o transmita ao<br />
senhor, a título <strong>de</strong> material para suas pesquisas.<br />
‘Devo primeiro enunciar os seguintes fatos. Minha filha, que é casada e mora em Berlim,<br />
esperava seu primeiro parto em mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>ste ano. Eu pretendia ir a Berlim, na<br />
ocasião, com minha (segunda) esposa, madrasta <strong>de</strong> minha filha. Durante a noite <strong>de</strong> 16 para 17<br />
<strong>de</strong> novembro sonhei, com vivi<strong>de</strong>z e clareza nunca experimentada, que minha esposa havia da<strong>do</strong><br />
à luz gêmeos. Vi os <strong>do</strong>is saudáveis bebês muito claramente, com seus rostos rechonchu<strong>do</strong>s,<br />
<strong>de</strong>ita<strong>do</strong>s em seu berço, la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>. Não lhes observei o sexo; um, <strong>de</strong> cabelos claros, tinha<br />
distintamente as minhas feições e algo das <strong>de</strong> minha esposa; o outro, <strong>de</strong> cabelos castanhos,<br />
parecia-se claramente com ela, com algum aspecto meu. Disse a minha esposa, que tem<br />
cabelos louro-arruiva<strong>do</strong>s: “Provavelmente o cabelo castanho <strong>de</strong> ‘seu’ filho também ficará ruivo<br />
mais tar<strong>de</strong>.” Minha mulher <strong>de</strong>u-lhe o seio. No sonho, ela também fizera um pouco <strong>de</strong> geléia<br />
numa bacia <strong>de</strong> lavar e as duas crianças engatinhavam pela bacia e lambiam-lhe o conteú<strong>do</strong>.<br />
‘Quanto ao sonho, é só. Quatro ou cinco vezes que <strong>de</strong>spertei durante ele perguntei-me<br />
se era verda<strong>de</strong> que tínhamos gêmeos, mas não cheguei, com exatidão alguma, à conclusão <strong>de</strong>