Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
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casos, nem to<strong>do</strong> o campo é abrangi<strong>do</strong> pelo funcionamento das familiares forças motiva<strong>do</strong>ras.<br />
Resta inexplica<strong>do</strong> o bastante para justificar a hipótese <strong>de</strong> uma compulsão à repetição, algo que<br />
parece mais primitivo, mais elementar e mais instintual <strong>do</strong> que o <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong> que ela<br />
<strong>do</strong>mina. Mas, se uma compulsão à repetição opera realmente na mente, ficaríamos satisfeitos<br />
em conhecer algo sobre ela, apren<strong>de</strong>r a que função correspon<strong>de</strong>, sob que condições po<strong>de</strong> surgir<br />
e qual é sua relação com o <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>, ao qual, afinal <strong>de</strong> contas, até agora atribuímos<br />
<strong>do</strong>minância sobre o curso <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> excitação na vida mental.<br />
IV<br />
O que se segue é especulação, amiú<strong>de</strong> especulação forçada, que o leitor tomará em<br />
consi<strong>de</strong>ração ou porá <strong>de</strong> la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com sua predileção individual. É mais uma tentativa <strong>de</strong><br />
acompanhar uma idéia sistematicamente, só por curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver até on<strong>de</strong> ela levará.<br />
A especulação psicanalítica toma como ponto <strong>de</strong> partida a impressão, <strong>de</strong>rivada <strong>do</strong><br />
exame <strong>do</strong>s processos inconscientes, <strong>de</strong> que a consciência po<strong>de</strong> ser, não o atributo mais<br />
universal <strong>do</strong>s processos mentais, mas apenas uma função especial <strong>de</strong>les. Falan<strong>do</strong> em termos<br />
metapsicológicos, assevera que a consciência constitui função <strong>de</strong> um sistema específico que<br />
<strong>de</strong>screve como Cs. O que a consciência produz consiste essencialmente em percepções <strong>de</strong><br />
excitação provindas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> externo e <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong> <strong>prazer</strong> e <strong>de</strong>s<strong>prazer</strong> que só po<strong>de</strong>m<br />
surgir <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> aparelho psíquico; assim, é possível atribuir ao sistema Pcpt.-Cs. uma<br />
posição no espaço. Ele <strong>de</strong>ve ficar na linha fronteiriça entre o exterior e o interior; tem <strong>de</strong> achar-se<br />
volta<strong>do</strong> para o mun<strong>do</strong> externo e tem <strong>de</strong> envolver os <strong>outros</strong> sistemas psíquicos. Ver-se-á que não<br />
existe nada <strong>de</strong> ousadamente novo nessas suposições; a<strong>do</strong>tamos simplesmente as concepções<br />
sobre localização sustentadas pela anatomia cerebral, que localiza a ‘se<strong>de</strong>’ da consciência no<br />
córtex cerebral, a camada mais externa, envolvente <strong>do</strong> órgão central. A anatomia cerebral não<br />
tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar por que, anatomicamente falan<strong>do</strong>, a consciência <strong>de</strong>va alojar-se<br />
na superfície <strong>do</strong> cérebro, em vez <strong>de</strong> encontrar-se seguramente abrigada em algum lugar <strong>de</strong> seu<br />
mais íntimo interior. Talvez nós sejamos mais bem-sucedi<strong>do</strong>s em explicar essa situação, no caso<br />
<strong>de</strong> nosso sistema Pcpt.-Cs.<br />
A consciência não é o único caráter distintivo que atribuímos aos processos <strong>de</strong>sse<br />
sistema. Com base em impressões <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> nossa experiência psicanalítica, supomos que<br />
to<strong>do</strong>s os processos excitatórios que ocorrem nos <strong>outros</strong> sistemas <strong>de</strong>ixam atrás <strong>de</strong> si traços<br />
permanentes, os quais formam os fundamentos da memória. Tais traços <strong>de</strong> memória, então,<br />
nada têm a ver com o fato <strong>de</strong> se tornarem conscientes; na verda<strong>de</strong>, com freqüência são mais<br />
po<strong>de</strong>rosos e permanentes quan<strong>do</strong> o processo que os <strong>de</strong>ixou atrás <strong>de</strong> si foi um processo que<br />
nunca penetrou na consciência. Achamos difícil acreditar, contu<strong>do</strong>, que traços permanentes <strong>de</strong><br />
excitação como esses sejam também <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong>s no sistema Pcpt.-Cs. Se permanecessem