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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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<strong>prazer</strong>) <strong>de</strong> uma modificação obrigatória.<br />

Po<strong>de</strong> também ser difícil, para muitos <strong>de</strong> nós, aban<strong>do</strong>nar a crença <strong>de</strong> que existe em ação<br />

nos seres humanos um instinto para a perfeição, instinto que os trouxe a seu atual alto nível <strong>de</strong><br />

realização intelectual e sublimação ética, e <strong>do</strong> qual se po<strong>de</strong> esperar que zele pelo seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento em super-homens. Não tenho fé, contu<strong>do</strong>, na existência <strong>de</strong> tal instinto interno e<br />

não posso perceber por que essa ilusão benévola <strong>de</strong>va ser conservada. A evolução atual <strong>do</strong>s<br />

seres humanos não exige, segun<strong>do</strong> me parece, uma explicação diferente da <strong>do</strong>s animais. Aquilo<br />

que, numa minoria <strong>de</strong> indivíduos humanos, parece ser um impulso incansável no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

maior perfeição, po<strong>de</strong> ser facilmente compreendi<strong>do</strong> como resulta<strong>do</strong> da repressão instintual em<br />

que se baseia tu<strong>do</strong> o que é mais precioso na civilização humana. O instinto reprimi<strong>do</strong> nunca<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> esforçar-se em busca da satisfação completa, que consistiria na repetição <strong>de</strong> uma<br />

experiência primária <strong>de</strong> satisfação. Formações reativas e substitutivas, bem como sublimações,<br />

não bastarão para remover a tensão persistente <strong>do</strong> instinto reprimi<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que a diferença <strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> entre o <strong>prazer</strong> da satisfação que é exigida e a que é realmente conseguida, é que<br />

fornece o fator impulsiona<strong>do</strong>r que não permite qualquer parada em nenhuma das posições<br />

alcançadas, mas, nas palavras <strong>do</strong> poeta, ‘ungebändigt immer vorwärts dringt‘. O caminho para<br />

trás que conduz à satisfação completa acha-se, via <strong>de</strong> regra, obstruí<strong>do</strong> pelas resistências que<br />

mantêm as repressões, <strong>de</strong> maneira que não há alternativa senão avançar na direção em que o<br />

crescimento ainda se acha livre, embora sem perspectiva <strong>de</strong> levar o processo a uma conclusão<br />

ou <strong>de</strong> ser capaz <strong>de</strong> atingir o objetivo. Os processos envolvi<strong>do</strong>s na formação <strong>de</strong> uma fobia<br />

neurótica, que nada mais é <strong>do</strong> que uma tentativa <strong>de</strong> fuga da satisfação <strong>de</strong> um instinto,<br />

apresentam-nos um mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>sse suposto ‘instinto para a perfeição’, o qual<br />

não tem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ser atribuí<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os seres humanos. Na verda<strong>de</strong>, as condições<br />

dinâmicas para o seu <strong>de</strong>senvolvimento estão universalmente presentes, mas apenas em raros<br />

casos a situação econômica parece favorecer a produção <strong>do</strong> fenômeno.<br />

Acrescentarei apenas uma palavra para sugerir que os esforços <strong>de</strong> Eros para combinar<br />

substâncias orgânicas em unida<strong>de</strong>s cada vez maiores provavelmente fornecem um sucedâneo<br />

para esse ‘instinto para a perfeição’, cuja existência não po<strong>de</strong>mos admitir. Os fenômenos que lhe<br />

são atribuí<strong>do</strong>s parecem passíveis <strong>de</strong> explicação por esses esforços <strong>de</strong> Eros, toma<strong>do</strong>s em<br />

conjunto com os resulta<strong>do</strong>s da repressão.<br />

VI<br />

A essência <strong>de</strong> nossa investigação até agora foi o traça<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma distinção nítida entre<br />

os ‘instintos <strong>do</strong> ego’ e os instintos sexuais, e a visão <strong>de</strong> que os primeiros exercem pressão no<br />

senti<strong>do</strong> da morte e os últimos no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> um prolongamento da vida. Contu<strong>do</strong>, essa

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