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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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heterossexual. É bem sabi<strong>do</strong> que a análise <strong>de</strong> homossexuais masculinos em numerosos casos<br />

revelou a mesma combinação, o que <strong>de</strong>veria nos alertar contra formarmos uma concepção<br />

<strong>de</strong>masia<strong>do</strong> simples <strong>de</strong> natureza e gênese da inversão e mantermos em mente a bissexualida<strong>de</strong><br />

universal <strong>do</strong>s seres humanos.<br />

Como, porém, <strong>de</strong>vemos compreen<strong>de</strong>r o fato <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> precisamente o nascimento <strong>de</strong><br />

uma criança, chegada à família extemporaneamente (numa ocasião em que a própria jovem já<br />

estava madura e com intensos <strong>de</strong>sejos próprios), que a levou a aplicar sua ternura apaixonada à<br />

mulher que <strong>de</strong>ra à luz essa criança, isto é, à sua própria mãe, e expressar esse sentimento para<br />

com um substituto materno? De tu<strong>do</strong> quanto sabemos seria <strong>de</strong> esperarmos exatamente o<br />

oposto. Em tais circunstâncias, as mães com filhas em ida<strong>de</strong> próxima <strong>de</strong> casar geralmente se<br />

sentem embaraçadas em relação a elas, e as filhas capazes <strong>de</strong> sentir pelas mães uma mescla<br />

<strong>de</strong> compaixão, <strong>de</strong>sprezo e inveja, que em nada contribui para aumentar sua ternura com elas. A<br />

jovem que estamos consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> tinha, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, poucos motivos para sentir afeição pela<br />

mãe. A mãe, moça ainda, via na filha, que se <strong>de</strong>senvolvia rapidamente, uma competi<strong>do</strong>ra<br />

inconveniente; favorecia os filhos em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong>la, limitava-lhe a in<strong>de</strong>pendência tanto quanto<br />

possível e mantinha vigilância especialmente estrita contra qualquer relação mais chegada entre<br />

a jovem e o pai. Assim, ansiar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, por uma mãe mais bon<strong>do</strong>sa fora inteiramente<br />

compreensível, contu<strong>do</strong> difícil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r é a razão por que <strong>de</strong>veria ter-se inflama<strong>do</strong><br />

exatamente naquela ocasião e sob a forma <strong>de</strong> uma paixão consumi<strong>do</strong>ra.<br />

A explicação é a seguinte: no exato perío<strong>do</strong> em que a jovem experimentava a<br />

revivescência <strong>de</strong> seu complexo <strong>de</strong> Édipo infantil, na puberda<strong>de</strong>, sofreu seu gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sapontamento. Tornou-se profundamente cônscia <strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> possuir um filho, um filho<br />

homem; seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter o filho <strong>de</strong> seu pai e uma imagem <strong>de</strong>le, na consciência ela não podia<br />

conhecer. Que suce<strong>de</strong>u <strong>de</strong>pois? Não foi ela quem teve o filho, mas sua rival inconscientemente<br />

odiada, a mãe. Furiosamente ressentida e amargurada, afastou-se completamente <strong>do</strong> pai e <strong>do</strong>s<br />

homens. Passa<strong>do</strong> esse primeiro gran<strong>de</strong> revés, abjurou <strong>de</strong> sua feminida<strong>de</strong> e procurou outro<br />

objetivo para sua libi<strong>do</strong>.<br />

Assim proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, comportou-se exatamente como muitos homens que, após uma<br />

primeira experiência penosa, dão as costas, para sempre, ao infiel sexo feminino e se tornam<br />

odia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> mulheres. Relata-se <strong>de</strong> uma das mais atraentes e infelizes figuras principescas <strong>de</strong><br />

nossa época que ele se tornou homossexual porque a dama com quem estava comprometi<strong>do</strong><br />

em matrimônio traiu-o com outro homem. Ignoro se isso é historicamente verda<strong>de</strong>iro, mas por<br />

trás <strong>do</strong> boato há um elemento <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> psicológica. Em to<strong>do</strong>s nós, no <strong>de</strong>correr da vida, a<br />

libi<strong>do</strong> oscila normalmente entre objetos masculinos e femininos; o solteiro aban<strong>do</strong>na seus<br />

amigos homens, ao casar-se, e retorna à vida <strong>de</strong> clube quan<strong>do</strong> a vida conjugal per<strong>de</strong>u o sabor.<br />

Naturalmente, quan<strong>do</strong> a amplitu<strong>de</strong> da oscilação é fundamental e final, suspeitamos da presença<br />

<strong>de</strong> algum fator especial que favorece <strong>de</strong>finidamente um la<strong>do</strong> ou outro e que talvez só tenha

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