Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>psicologia</strong> <strong>de</strong> <strong>grupo</strong> é sempre a mesma coisa, embora receba diversos nomes: a palavra mágica<br />
‘sugestão’. Tar<strong>de</strong> [1890] chama-a <strong>de</strong> ‘imitação’, mas não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> concordar com um<br />
escritor que protesta que a imitação se subordina ao conceito <strong>de</strong> sugestão, sen<strong>do</strong>, na realida<strong>de</strong>,<br />
um <strong>de</strong> seus resulta<strong>do</strong>s (Brugeilles, 1913). Le Bon faz com que a origem <strong>de</strong> todas as enigmáticas<br />
características <strong>do</strong>s fenômenos sociais remonte a <strong>do</strong>is fatores: a sugestão mútua <strong>do</strong>s indivíduos e<br />
o prestígio <strong>do</strong>s lí<strong>de</strong>res. Contu<strong>do</strong>, mais uma vez, o prestígio só é reconhecível por sua<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evocar a sugestão. McDougall por um momento nos dá a impressão <strong>de</strong> que seu<br />
<strong>princípio</strong> da ‘indução primitiva <strong>de</strong> emoção’ po<strong>de</strong> permitir-nos passar sem a suposição da<br />
sugestão. Numa consi<strong>de</strong>ração mais <strong>de</strong>tida, porém, somos força<strong>do</strong>s a perceber que esse<br />
<strong>princípio</strong> não faz mais <strong>do</strong> que as familiares afirmativas sobre ‘imitação’ ou ‘contágio’, exceto pela<br />
<strong>de</strong>cidida ênfase dada ao fator emocional. Não há dúvida <strong>de</strong> que existe algo em nós que, quan<strong>do</strong><br />
nos damos conta <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> emoção em alguém mais, ten<strong>de</strong> a fazer-nos cair na mesma<br />
emoção; contu<strong>do</strong>, quão amiú<strong>de</strong> não nos opomos com sucesso a isso, resistimos à emoção e<br />
reagimos <strong>de</strong> maneira inteiramente contrária? Por que, portanto, invariavelmente ce<strong>de</strong>mos a esse<br />
contágio quan<strong>do</strong> nos encontramos num <strong>grupo</strong>? Mais uma vez teríamos <strong>de</strong> dizer que o que nos<br />
compele a obe<strong>de</strong>cer a essa tendência é a imitação, e o que induz a emoção em nós é a<br />
influência sugestiva <strong>do</strong> <strong>grupo</strong>. A<strong>de</strong>mais, inteiramente à parte disso, McDougall não nos permite<br />
escapar à sugestão; apren<strong>de</strong>mos com ele, bem como com <strong>outros</strong> autores, que os <strong>grupo</strong>s se<br />
distinguem por sua especial sugestionabilida<strong>de</strong>.<br />
Estaremos assim prepara<strong>do</strong>s para a assertiva <strong>de</strong> que a sugestão (ou, mais<br />
corretamente, a sugestionabilida<strong>de</strong>) é na realida<strong>de</strong> um fenômeno irredutível e primitivo, um fato<br />
fundamental na vida mental <strong>do</strong> homem. Essa também era a opinião <strong>de</strong> Bernheim, <strong>de</strong> cuja<br />
espantosa arte fui testemunha em 1889. Posso, porém, lembrar-me <strong>de</strong> que mesmo então sentia<br />
uma hostilida<strong>de</strong> surda contra essa tirania da sugestão. Quan<strong>do</strong> um paciente que não se<br />
mostrava dócil enfrentava o grito: ‘Mas o que está fazen<strong>do</strong>? Vou vous contre-suggestionnez!‘, eu<br />
dizia a mim mesmo que isso era uma injustiça evi<strong>de</strong>nte e um ato <strong>de</strong> violência, porque o homem<br />
certamente tinha direito a contra-sugestões, se estavam tentan<strong>do</strong> <strong>do</strong>miná-lo com sugestões.<br />
Mais tar<strong>de</strong>, minha resistência tomou o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> protestar contra a opinião <strong>de</strong> que a própria<br />
sugestão, que explicava tu<strong>do</strong>, era isenta <strong>de</strong> explicação. Pensan<strong>do</strong> nisso, eu repetia a velha<br />
adivinhação:<br />
Christoph trug Christum,<br />
Christus trug die ganze Welt,<br />
Sag’ wo hat Christoph<br />
Damals hin <strong>de</strong>n Fuss gestellt?