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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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vinculada ou tônica. Se assim é, seria tarefa <strong>do</strong>s estratos mais eleva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> aparelho mental<br />

sujeitar a excitação instintual que atinge o processo primário. Um fracasso em efetuar essa<br />

sujeição provocaria um distúrbio análogo a uma neurose traumática, e somente após haver si<strong>do</strong><br />

efetuada é que seria possível à <strong>do</strong>minância <strong>do</strong> <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong> (e <strong>de</strong> sua modificação, o<br />

<strong>princípio</strong> <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>) avançar sem obstáculo. Até então, a outra tarefa <strong>do</strong> aparelho mental, a<br />

tarefa <strong>de</strong> <strong>do</strong>minar ou sujeitar as excitações, teria precedência, não, na verda<strong>de</strong>, em oposição ao<br />

<strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>, mas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>le e, até certo ponto, <strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong>-o.<br />

As manifestações <strong>de</strong> uma compulsão à repetição (que <strong>de</strong>screvemos como ocorren<strong>do</strong><br />

nas primeiras ativida<strong>de</strong>s da vida mental infantil, bem como entre os eventos <strong>do</strong> tratamento<br />

psicanalítico) apresentam em alto grau um caráter instintual e, quan<strong>do</strong> atuam em oposição ao<br />

<strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>, dão a aparência <strong>de</strong> alguma força ‘<strong>de</strong>moníaca’ em ação. No caso da<br />

brinca<strong>de</strong>ira, parece que percebemos que as crianças repetem experiências <strong>de</strong>sagradáveis pela<br />

razão adicional <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem <strong>do</strong>minar uma impressão po<strong>de</strong>rosa muito mais completamente <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> ativo <strong>do</strong> que po<strong>de</strong>riam fazê-lo simplesmente experimentan<strong>do</strong>-a <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> passivo. Cada<br />

nova repetição parece fortalecer a supremacia que buscam. Tampouco po<strong>de</strong>m as crianças ter as<br />

suas experiências agradáveis repetidas com freqüência suficiente, e elas são inexoráveis em sua<br />

insistência <strong>de</strong> que a repetição seja idêntica. Posteriormente, esse traço <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>saparece.<br />

Se um chiste é escuta<strong>do</strong> pela segunda vez, quase não produz efeito; uma produção teatral<br />

jamais cria, da segunda vez, uma impressão tão gran<strong>de</strong> como da primeira; na verda<strong>de</strong>, é quase<br />

impossível persuadir um adulto que gostou muito <strong>de</strong> ler um livro, a relê-lo imediatamente. A<br />

novida<strong>de</strong> é sempre a condição <strong>do</strong> <strong>de</strong>leite, mas as crianças nunca se cansam <strong>de</strong> pedir a um<br />

adulto que repita um jogo que lhes ensinou ou que com elas jogou, até ele ficar exausto <strong>de</strong>mais<br />

para prosseguir. E, se contarmos a uma criança uma linda história, ela insistirá em ouvi-la<br />

repetidas vezes, <strong>de</strong> preferência a escutar uma nova, e sem remorsos estipulará que a repetição<br />

seja idêntica, corrigin<strong>do</strong> quaisquer alterações <strong>de</strong> que o narra<strong>do</strong>r tenha a culpa, embora, na<br />

realida<strong>de</strong>, estas possam ter si<strong>do</strong> efetuadas na esperança <strong>de</strong> obter uma nova aprovação. Nada<br />

disso contradiz o <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>: a repetição, a reexperiência <strong>de</strong> algo idêntico, é claramente,<br />

em si mesma, uma fonte <strong>de</strong> <strong>prazer</strong>. No caso <strong>de</strong> uma pessoa em análise, pelo contrário, a<br />

compulsão à repetição na transferência <strong>do</strong>s acontecimentos da infância evi<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>spreza<br />

o <strong>princípio</strong> <strong>de</strong> <strong>prazer</strong> sob to<strong>do</strong>s os mo<strong>do</strong>s. O paciente comporta-se <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> puramente infantil e<br />

assim nos mostra que os traços <strong>de</strong> memória reprimi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> suas experiências primevas não se<br />

encontram presentes nele em esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sujeição, mostran<strong>do</strong>-se elas, na verda<strong>de</strong>, em certo<br />

senti<strong>do</strong>, incapazes <strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer ao processo secundário. <strong>Além</strong> disso, é ao fato <strong>de</strong> não se<br />

acharem sujeitas, que <strong>de</strong>vem sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar, em conjunção com os resíduos <strong>do</strong> dia<br />

anterior, uma fantasia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo que surge num sonho. A mesma compulsão à repetição<br />

freqüentemente se nos <strong>de</strong>fronta como um obstáculo ao tratamento, quan<strong>do</strong>, ao fim da análise,<br />

tentamos induzir o paciente a <strong>de</strong>sligar-se completamente <strong>do</strong> médico. Po<strong>de</strong>-se supor também

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