Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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Exemplos dessa força podem ser vistos nos presidentes eleitos no Chile<br />
democrático: em 1938, foi eleito Aguirre Cerda, representante da Frente<br />
Popular, que contava com os partidos Radical, Comunista e Socialista. Em<br />
1942, Juan Antonio Rios elegeu-se com o apoio de socialistas e comunistas.<br />
Já em 1946, González Videla foi eleito, novamente com o apoio da esquerda.<br />
Videla, contudo, sofreu pressões da URSS e especialmente dos EUA, o que<br />
culminou na ilegalidade do Partido Comunista Chileno. Embora tivesse sido<br />
eleito com o apoio dos grupos de esquerda, Videla expulsou os comunistas de<br />
seu gabinete, banindo-os sob a Lei de Defesa da Democracia, de 1948 (eles<br />
permaneceram na ilegalidade até 1958). O presidente também rompeu relações<br />
com a URSS, a Iugoslávia e a Tchecoslováquia.<br />
Em meio à insatisfação, e tendo em vista o enfraquecimento dos partidos de<br />
esquerda, os chilenos voltaram-se a dois símbolos do passado nas eleições presidenciais<br />
de 1958: Ibáñez, candidato sem partido que havia sido ditador na década de 1920, e o<br />
filho do ex-presidente Alessandri (1932-1938). Durante a campanha, alguns comunistas<br />
e socialistas apoiaram Ibáñez, esperançosos de que este permitisse a volta do PCCh à<br />
legalidade. Outros esquerdistas, contudo, apoiaram a primeira candidatura de Salvador<br />
Allende, ex-ministro da Saúde do governo Aguirre Cerda. Ibáñez venceu nas urnas,<br />
com um total de 47% dos votos, enquanto Allende recebeu inexpressivos 5%.<br />
Ibáñez utilizou-se de uma política populista de redistribuição de renda. Porém,<br />
a época não mais se encontrava propícia a esse tipo de postura, e, após o fim da Guerra<br />
da Coréia e a normalização do câmbio, o comércio exterior chileno não pôde mais<br />
contar com as vantagens das décadas anteriores. Assim como os presidentes que o<br />
antecederam, Ibáñez subiu ao poder como um governante reformista com uma coalizão<br />
de centro-esquerda, e terminou seu mandato cercado por direitistas e<br />
melancolicamente. Com a volta à legalidade do PCCh, este formou uma aliança eleitoral<br />
junto aos socialistas que ficou conhecida como Frente de Ação Popular. Ambos os<br />
partidos tornaram-se mais radicais em sua ideologia e compromissos com o proletariado,<br />
e o Partido Socialista adotou uma postura mais revolucionária, principalmente após a<br />
Revolução Cubana. Por outro lado, a direita (partidos Conservador e Liberal), receosa<br />
do fortalecimento da esquerda, deixou de lado as diferenças menores e formou uma<br />
coalizão, denominada Partido Nacional.<br />
Ao aproximar-se a eleição presidencial de 1958, o eleitorado dividiu-se em três<br />
campos: a direita, com Jorge Alessandri Rodríguez como candidato; o centro,<br />
representado pelos democratas-cristãos e Radicais, contando com Luis Bossay Leyva<br />
como candidato; e a esquerda, representada pelos socialistas e comunistas, que pregavam<br />
a transição pacífica para o socialismo, apoiando novamente Salvador Allende. Os resultados<br />
foram uma prévia de 1970: 31% para Alessandri, 29% para Allende, e 21% para Frei.<br />
Alessandri conseguiu manter a estabilidade política e econômica, em parte<br />
devido ao controle da inflação, alcançado graças à imposição de um teto salarial<br />
(que provocou diversos protestos por parte dos trabalhadores). Em seu governo<br />
a economia cresceu, o desemprego diminuiu e foi instaurada uma reforma agrária<br />
leve. O governo dos EUA estimulou essa política, sob os auspícios da Alpro,<br />
esperando diminuir a atratividade da Revolução Cubana. Ao fim do governo,<br />
em 1964, o país sofria com uma crescente dívida externa.<br />
114 Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(8), jan.<strong>2006</strong>