Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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Regulação bancária e redes<br />
de segurança financeira<br />
Gilberto Tadeu Lima e Otaviano Canuto *<br />
Resumo: O artigo recupera elementos centrais da discussão, em<br />
nível geral, sobre o papel a ser cumprido pelos bancos centrais e<br />
outros componentes das redes de segurança financeira no tocante<br />
aos riscos sistêmicos associados à intermediação financeira.<br />
Palavras-chave: Intermediação financeira, rede de segurança<br />
financeira, regulação bancária.<br />
1. Introdução<br />
O presente artigo recupera elementos centrais da discussão, em nível geral,<br />
sobre o papel a ser cumprido pelos bancos centrais e outros componentes das<br />
redes de segurança financeira no tocante aos riscos sistêmicos associados à<br />
intermediação financeira. De fato, há atualmente um relativo consenso quanto<br />
ao reconhecimento da possibilidade de falhas de mercado na intermediação<br />
financeira, bem como dos correspondentes riscos em nível sistêmico, conforme<br />
abordado no que segue.<br />
2. A funcionalidade da intermediação financeira<br />
O sistema financeiro (mercados acionários e de títulos de dívida negociáveis,<br />
intermediários financeiros bancários e não-bancários) tem, como atributo<br />
peculiar, a capacidade de aglomerar capital de poupadores isolados, alocar tal<br />
capital e monitorar seu uso. Provê, portanto, uma ponte possível entre, de um<br />
lado, empresários individuais com planos de investimento em montantes<br />
superiores a seus recursos próprios; e, de outro, detentores individuais de riqueza.<br />
Sem a aglomeração permitida pelo sistema financeiro, tais poupadores não teriam<br />
a oportunidade de usufruir de retornos crescentes de escala em seus<br />
investimentos, além de se defrontarem com riscos maiores e menor liquidez. Ao<br />
mesmo tempo em que pode materializar tal apropriação de benefícios de<br />
aglomeração de capital, o sistema financeiro transfere, agrupa e reduz riscos,<br />
aumenta a liquidez e transmite informações.<br />
A mera existência de instrumentos de financiamento – títulos de dívida<br />
negociáveis e ações (securities negociáveis em mercados secundários) ou títulos<br />
de dívida não-negociáveis (crédito bancário, por exemplo) – já permite alguma<br />
realização de ganhos de aglomeração de capital e em termos de risco e de liquidez.<br />
Contudo, a amplificação de tais ganhos pode ainda ocorrer mediante a<br />
* Gilberto Tadeu Lima é professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração<br />
e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Otaviano Canuto é Diretor-Executivo no<br />
Banco Mundial e professor (licenciado) do Departamento de Economia da FEA-USP.<br />
56 Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(8), jan.<strong>2006</strong>