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Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

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Os captadores repartem riscos com seus financiadores, haja vista não existirem obrigações<br />

pré-fixadas a pagar e o valor das ações variar conforme o desempenho da firma. Neste<br />

sentido, os incentivos de risco e retorno ficam mais alinhados no caso das ações.<br />

No entanto, o financiamento por emissão de ações acaba limitado por um<br />

“racionamento na emissão de ações”, decorrente do fato de que o lançamento de<br />

novas ações envolve freqüentemente um custo em termos de desvalorização do estoque<br />

pré-existente (Asquith e Mullins, 1986). Na presença de assimetrias de informação,<br />

coloca-se um problema de seleção adversa, dado que entre os empresários mais ansiosos<br />

por vender suas ações estarão aqueles que eventualmente avaliam que o mercado está<br />

supervalorizando suas ações e os compradores em potencial das ações não têm como<br />

distingui-los perfeitamente em relação às boas oportunidades de investimento<br />

(Greenwald, Stiglitz e Weiss, 1984). Os aplicadores tendem a exigir indistintamente<br />

um prêmio de risco derivado da assimetria de informações 4 .<br />

Problemas de incentivos e risco moral, por seu turno, também podem se interpor<br />

entre os administradores e os acionistas e/ou entre acionistas majoritários e minoritários.<br />

A possibilidade de aquisição acionária externa na presença de ineficiência gerencial<br />

constitui um mecanismo limitado de disciplina pelo mercado. Por seu turno, não<br />

existem mecanismos automáticos de mercado que protejam acionistas minoritários.<br />

Decorre, destes fatores, a funcionalidade de mecanismos de regulação no caso<br />

dos mercados de ações, entendida esta regulação como a presença de regras e de<br />

supervisão exercidas por agentes “terceiros” em relação aos participantes das transações.<br />

Quer mediante iniciativa de auto-regulação dos próprios mercados, quer por meio de<br />

intervenção pelo governo, tenta-se reduzir os problemas de seleção adversa e de risco<br />

moral: com o estabelecimento de procedimentos contábeis padronizados e outros<br />

meios de colocação de informações em disponibilidade (transparência e disclosure); de<br />

regras ou leis – e sua efetiva obediência – que imponham a firmação de contratos com<br />

formatos adequados; de comissões supervisoras; de leis ou regras que protejam<br />

acionistas minoritários contra majoritários; de leis e regras que protejam acionistas em<br />

relação à fraude na gerência dos recursos; de um ordenamento quanto às falências etc.<br />

Os problemas informacionais não são completamente eliminados, mas a supervisão e<br />

regulação financeira eficiente reduzem seus efeitos de racionamento e uso sub-ótimo<br />

das ações enquanto instrumento de financiamento.<br />

O crédito bancário de curto prazo como instrumento de financiamento de<br />

atividades produtivas não fornece a possibilidade de alinhamento dos desempenhos e<br />

riscos entre captadores e aplicadores, como no caso das ações. No endividamento<br />

coloca-se uma assimetria entre o êxito e o fracasso: o tomador de empréstimos usufrui<br />

plenamente dos ganhos adicionais se se materializa o lado superior da distribuição de<br />

probabilidade de retornos, ou seja, o cenário favorável no tocante aos riscos, enquanto<br />

o custo dos recursos externos é o mesmo em qualquer cenário. É maior, portanto, o<br />

prêmio para o tomador e gerente do uso dos recursos alocá-los produtivamente na<br />

melhor forma, independentemente da assimetria de informações.<br />

Adicionalmente, o monitoramento no uso dos recursos pode ser mais<br />

facilmente realizado no caso dos bancos, tanto em comparação com os<br />

4 Conforme desenvolvido pioneiramente por Akerlof (1970) em sua análise do mercado de automóveis<br />

usados (lemons).<br />

60 Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(8), jan.<strong>2006</strong>

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