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Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

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Marx também faz referência à renda absoluta, tese que não invalida a primeira,<br />

mas interfere no caso específico da renda diferencial – a produção da unidade marginal,<br />

que não seria capaz de auferir renda econômica: segundo a tese da renda absoluta,<br />

toda e qualquer terra ou recurso produtivo tem a capacidade de produzir renda. O<br />

contrário seria absolutamente paradoxal ao modo de produção capitalista.<br />

Assim sendo, a propriedade do recurso produtivo tem a função de trava para os<br />

investimentos: os donos dos recursos somente os colocam à disposição do processo<br />

produtivo se esperam auferir algum lucro deste emprego.<br />

“El hecho de que el arrendatário pueda valorizar su capital, sacándole la ganancia<br />

corriente, a condición de no pagar renta, no es ninguna razón para que el terrateniente<br />

ceda su terra a aquél de um modo desinteressado y se sientalo bastante filántropo para<br />

implantar el crédit gratuit a favor de este colega. Semejante supuesto entraña, en realidad,<br />

la eliminación de la propriedad territorial, la supresión de la propriedad privada sobre el<br />

suelo, cuya existencia representa precisamente una traba para la inversión de capital e<br />

para la libre valorización del mismo sobre la tierra...” (Marx, 1946, p. 696)<br />

Percebe-se que o fio condutor ao longo da evolução histórica do conceito de<br />

renda entre os vários autores tem sido a questão da escassez dos recursos envolvidos,<br />

seja terra ou não: o monopólio de algum recurso natural especial escasso pode tornar<br />

mais eficiente uma produção; o emprego de um maior volume de capital (que também<br />

é escasso) pode alterar os padrões da produtividade natural.<br />

Penrose (1980) insere uma teoria inovadora que serviu como base de uma nova<br />

corrente de pensamento sobre a administração estratégica e a teoria da firma, a Resource-<br />

Based View of the Firm (RBV). Trata-se de um novo conceito de firma, diferente do<br />

pregado pela escola da organização industrial, que, como bem conceitua a autora: “...<br />

is more than an administative unit; it is also a collection of productive resources...”. O<br />

conceito de recurso produtivo a que Penrose se refere abrange inclusive recursos<br />

intangíveis: o conhecimento das pessoas envolvidas no processo produtivo, habilidades<br />

gerenciais diferenciadas, cultura organizacional e tudo o mais que possa contribuir<br />

para o processo produtivo. Nesse conceito mais abrangente de indústria e recurso<br />

produtivo, a importância da escassez e seu impacto na relação de oferta e demanda<br />

toma proporções maiores.<br />

Esse é o ponto central da discussão da renda econômica no contexto<br />

contemporâneo: a heterogeneidade das firmas em função das diferenças entre os<br />

recursos produtivos que cada uma delas possui, deixando em xeque o paradigma<br />

clássico de competição perfeita e abrindo espaço para o maior interesse de pesquisadores<br />

na estrutura de mercado competitivo imperfeito.<br />

Essa estrutura de mercado mostra-se mais adequada à economia real, ao tempo<br />

atual, onde monopólios e oligopólios são configurações mais freqüentes no capitalismo<br />

contemporâneo e sua existência no longo prazo é garantida por meio de barreiras a<br />

novos entrantes (Pindyck e Rubinfeld, 1994).<br />

Nesse passo, a corrente da RBV toma espaço como uma alternativa de análise<br />

interessante e um modelo que pode oferecer respostas a questões hoje<br />

incompreendidas, pois reconhece a importância da heterogeneidade dos recursos<br />

e das organizações, apontando como fonte da vantagem competitiva o entendimento<br />

e aproveitamento dessas diferenças, que se traduzem em renda econômica.<br />

Renda econômica e a vantagem competitiva..., Patricia Lopes Fonseca, p. 125-135.<br />

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