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Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

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que fatores como os referidos possuem nos processos racionais e, mais<br />

especificamente, nos processos racionais de tomada de decisão. Todavia, o modelo<br />

afirma que tais fatores não se encontram fora do sistema, contribuindo antes<br />

para a sua própria definição e funcionamento correto. A influência destes<br />

mecanismos não se limita ao processo de relacionamento de b-d’s no decorrer<br />

das tomadas de decisão. O processo de constituição/criação de b-d’s pressupõe<br />

igualmente mecanismos inconscientes, simbólicos e biológicos. A própria unidade<br />

das b-d’s é um reconhecimento da sua natureza plural, em que não são somente<br />

elementos conscientes e puramente “representativos” de uma realidade exterior<br />

que se encontram no seu significado enquanto crença, e em que não são somente<br />

elementos inconscientes, sentimentais ou biológicos que se encontram no seu<br />

significado enquanto desejo.<br />

A influência destes mecanismos apresenta-se como o funcionamento de<br />

um processo subterrâneo, porque não-apreensivel pelo consciente do agente,<br />

todavia como uma característica inerente à racionalidade real dos agentes. Ou<br />

seja, a consciência não se apresenta como um critério de racionalidade. Elementos<br />

biológicos ou inconscientes continuam a constituir elementos do agente, sendo<br />

inevitável a sua tomada em consideração no processo racional de decisão. Caso<br />

não se assuma esta inevitabilidade, será necessário definir, por exemplo, o homem<br />

apenas mediante elementos conscientes. Permanece a questão: O homem não é<br />

também definido por meio do seu inconsciente?<br />

Não sendo possível responder aqui a esta questão sem alargarmos demasiado<br />

o âmbito dos trabalhos, regressemos à descrição do processo de tomada de<br />

decisão racional. O agente, perante as b-d’s mobilizadas para o processo de<br />

tomada de decisão em causa, terá então de realizar um “cálculo” no sentido de<br />

comparação relativa dos diversos cursos de ação possíveis tendo em atenção o<br />

objetivo em causa. No entanto, como se processa esta comparação? A resposta a<br />

esta questão é bastante complexa, no entanto o modelo ensaia uma explicação.<br />

Em primeiro lugar, o modelo considera que o processo de comparação é<br />

fruto de uma relativização dos diferentes cursos de ação possíveis. Não se trata,<br />

portanto, de um cálculo matemático em termos quantitativos; existe sim uma<br />

comparação fruto de diferentes mecanismos qualitativos que permitem selecionar<br />

o “melhor” curso de ação. Estes mecanismos são identificáveis como<br />

inconscientes, biológicos e simbólicos, na linha do que já foi exposto.<br />

Em segundo lugar, o processo de cálculo resultará na criação ou<br />

reformulação de uma b-d cujos elementos cognitivos são constituídos pelo curso<br />

de ação selecionado como o “melhor” para atingir o objetivo em causa. Ou seja,<br />

tendo em consideração as b-d’s mobilizadas para a tomada de decisão, a<br />

racionalidade estrutura uma nova ou reformulada b-d que possui um grau de<br />

definição cognitivo suficiente para atingir o objetivo desejado. Esta b-d definese<br />

como motivadora da ação propriamente dita, sendo que a necessidade da sua<br />

criação ou reformulação resulta da falta de definição cognitiva que as b-d’s<br />

existentes antes do “cálculo” racional não possuíam uma resposta ao problema<br />

do curso de ação. Por meio desta concepção é possível explicar a capacidade de<br />

resposta imediata perante um problema de xadrez, que os grandes campeões do<br />

Racionalidade na ação..., Carlos E. E. Mauro e José P. Maçorano, p. 72-83.<br />

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