Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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A evolução do comércio mundial nos últimos 20 anos demonstra um crescimento<br />
no volume de comércio de bens e serviços superior em dobro ao nível de crescimento<br />
do PIB 11 . E o relatório Global Economic Prospects 2004: Development Promise of the<br />
Doha Agenda, publicado pelo Banco Mundial, indica que as previsões para 2005 são<br />
de crescimento do comércio mundial em torno de 7,9% ao ano, e de um crescimento<br />
do PIB mundial de mais de 3%.<br />
Centrar-se nas premissas da OMC, buscando um comércio livre e sem<br />
discriminação, ainda deve ser o objetivo atual. Não são somente os picos tarifários que<br />
merecem consideração, mas a análise de todo o comportamento comercial para com<br />
a mercadoria importada, em particular a dispersão da tarifa de importação e todas as<br />
medidas coercitivas adotadas pelos mercados locais.<br />
Para se ter uma idéia do fato mencionado, vejamos o exemplo dos Estados<br />
Unidos, que conservam inalterados os picos tarifários para muitos produtos brasileiros,<br />
entre eles açúcar, tabaco, etanol, têxteis e suco de laranja, sendo que pelos menos três<br />
deles (açúcar, tabaco e suco de laranja) correspondem respectivamente ao 4. o , 5. o e 7. o<br />
lugar dentre os mais importantes produtos exportados pelo Brasil, tanto em valor<br />
quanto em quantidades. Os três produtos têm picos tarifários adicionais por quota<br />
extra exportada de US$ 338,70 (açúcar), 350% (tabaco) e US$ 0,785 por litro (suco<br />
de laranja) 12 .<br />
O maior engajamento nacional e a definição de parâmetros mais pragmáticos e<br />
estratégicos por parte de cada economia participante desempenha ponto crucial no<br />
processo contínuo de negociação na esfera multilateral. E, por tratar-se de um processo<br />
de negociação que envolve não somente os argumentos puramente econômicos, mas<br />
também e fundamentalmente o jogo dos interesses políticos e estratégicos de cada<br />
nação, torna-se cada vez mais oportuno e significativo o poder de pressão que exercem<br />
os lobbies, bem como as ONGs e a imprensa, clamando por mais transparência e<br />
abertura nas negociações comerciais internacionais e na própria condução dos temas<br />
externos em cada nação.<br />
Hoje, o acompanhamento dos assuntos externos pela mídia, pelos movimentos<br />
sociais e pela academia tem crescido. Gradativamente, pelo exercício da participação,<br />
tenderá a ser cada vez mais pragmático e menos ideológico, contribuindo para a<br />
efetiva conquista de nossas demandas.<br />
A inclusão de novos membros ao organismo internacional de comércio ocorreu<br />
durante os anos de 50 a 80, e mesmo já na vigência da OMC, chegando à atual<br />
composição de 128 países, fora um contingente de mais de 30 nações com status de<br />
observadores. Se existe essa busca em aderir à OMC, é porque, apesar de todas as<br />
deficiências e omissões, a existência de um organismo multilateral e neutro ainda<br />
exerce função primordial – em particular para as nações menores e menos desenvolvidas,<br />
que têm nos organismos multilaterais a única instância efetiva de comunicação com as<br />
demais nações. Ademais, as negociações em âmbito multilateral tendem a ser mais<br />
equilibradas do que as negociações bilaterais, embora nenhuma das duas seja excludente.<br />
Os grandes desafios para a “nova” Agenda do Comércio Internacional estão<br />
centrados na inclusão e regulação de todos os novos temas que passaram a fazer parte<br />
11 Paulino (1997).<br />
12 Dados de levantamentos feitos pela Embaixada Brasileira em Washington para o ano de 2002.<br />
Gatt, OMC e a agenda do comércio internacional., Peggy Beçak, p. 24-32.<br />
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