Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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importância e utilidade para regular a sociedade. Quando deparei com este livro, e li<br />
atentamente as orelhas, senti-me imediatamente atraída pelas questões que ele aborda,<br />
as quais, ao serem tratadas com as ferramentas da Economia, resultam em conclusões<br />
de forte credibilidade. Uma das surpresas do livro – e arrisco creditar seu sucesso a<br />
este fator – é justamente a abordagem de temas que nos circundam diariamente, mas<br />
aos quais não dedicamos quase atenção, pois não nos afetam diretamente.<br />
Os autores afirmam que “a economia é uma ciência com instrumentos<br />
excelentes para chegar a respostas, mas sofre de uma tremenda escassez de<br />
perguntas interessantes”. Eles estudam a rotina e os enigmas da vida real, e suas<br />
conclusões trazem uma visão nova e revolucionam o chamado “senso comum”,<br />
aquelas certezas que todos têm sobre determinados assuntos, mas que nunca<br />
foram comprovadas por pesquisas empíricas. A utilização de instrumentos<br />
próprios da Economia dá credibilidade às respostas e traz assombro aos leitores.<br />
A utilização de bancos de dados e cálculos estatísticos fortalece argumentos<br />
que, de outra forma, ficariam na esfera do “achismo” ou da “sabedoria<br />
convencional”, como diz o livro, a qual poucos ousariam desafiar. Com isso,<br />
trocamos o “achismo” confortável por argumentos contundentes, sustentados<br />
por bases de dados que o autor manuseia com perícia. Para os autores, o<br />
importante é formular as perguntas certas. Depois, a Economia nos ajuda a<br />
respondê-las. Inferências, correlações, cálculos matemáticos e estatísticos<br />
permitem chegar a resultados convincentes, baseados nas premissas corretas, e<br />
que se sustentam em evidências práticas.<br />
John Kenneth Galbraith, em mais uma de suas contribuições geniais à<br />
Economia, cunhou a expressão “sabedoria convencional”, que mescla verdade,<br />
conveniência, interesse e bem-estar pessoal. Como afirma Cláudio Haddad no<br />
prefácio do livro, “o comportamento econômico e social é extremamente<br />
complexo, e requer trabalho e tempo para uma análise profunda. Como trabalho<br />
e tempo estão fora do alcance ou da vontade da maioria das pessoas, elas tendem<br />
a adotar uma visão sobre determinado tema que lhes seja conveniente,<br />
confortável, fácil de entender e que esteja de acordo com seus credos e valores,<br />
ainda que muitas vezes incorreta”. E o que fazem Levitt e Dubner senão<br />
questionar a sabedoria convencional?<br />
O conceito básico do livro é o de que as pessoas são movidas por incentivos.<br />
Os autores argumentam que a Economia é, essencialmente, o estudo dos<br />
incentivos e de como as pessoas reagem a eles. Em outras palavras, como as<br />
pessoas conseguem o que querem, principalmente quando outros também<br />
desejam essas mesmas coisas. A forma de resposta aos incentivos pode ser prevista<br />
por ferramentas matemáticas, desde que as premissas estejam corretas. O<br />
problema se resume, então, em criar os incentivos certos que motivem as pessoas<br />
a responder da forma que esperamos que elas o façam. Exemplos tirados do<br />
cotidiano reforçam nossa surpresa, em primeiro lugar, e, em seguida, a constatação<br />
sobre a força das teses do autor. Incentivos são meios para estimular as pessoas<br />
a fazer mais coisas boas e menos coisas ruins. Simples assim.<br />
Um exemplo interessante mostra a força dos incentivos econômicos, sociais<br />
e morais, muitas vezes reunidos. As campanhas antitabagistas incluíram a chamada<br />
Freakonomics: o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta, Eva Stal, p. 146-150.<br />
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