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Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

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patrimoniais individuais, podem ocasionar ondas de choque de desaparecimento<br />

imediato de liquidez sobre outros mercados e instituições financeiras. A<br />

repercussão das ondas, em vez de provocar impactos temporários durante o<br />

período de ajustes, pode levar a alterações permanentes (falências) sem que estas<br />

se justifiquem por mudanças nos fundamentos.<br />

Trata-se de um risco sistêmico, na medida em que não se deriva das<br />

propriedades de risco dos portfólios individuais (OCDE, 1991; Herring e Litan,<br />

1995; Aglietta, 1998). A ineficiência a ele associada decorre da destruição de<br />

capital que não ocorreria em condições normais de funcionamento do sistema –<br />

inclusive o “capital informacional”, específico e não-transferível, acumulado pelos<br />

intermediários financeiros em relação a seus clientes (Stiglitz, 1994).<br />

Este risco sistêmico se aplica, em princípio, a toda intermediação financeira.<br />

Há, contudo, diferenças de grau e natureza no risco sistêmico entre bancos e<br />

instituições não-bancárias, as quais levam a requisitos distintos em termos de<br />

respostas regulatórias.<br />

As seguintes diferenças de características operacionais podem ser constatadas<br />

entre os bancos comerciais e as instituições não-bancárias (Haberman, 1987;<br />

Dale, 1996):<br />

a atividade bancária tradicional concede empréstimos (curto ou longo<br />

prazo), não-transferíveis e retidos em carteira até o vencimento. A intermediação<br />

não-bancária, por seu turno, retém, como ativos, itens negociáveis e de alto<br />

giro em mercados secundários, em decorrência de suas atividades de<br />

comercialização, subscrição, market making ou gerência “terceirizada” de<br />

portfólios de outros aplicadores (fundos mútuos, fundos de pensão etc.);<br />

o principal risco dos ativos bancários é o risco de crédito, enquanto o<br />

risco de mercado predomina no caso dos não-bancários;<br />

as estruturas patrimoniais dos não-bancários são avaliadas numa base de<br />

liquidação e contabilizadas continuamente de acordo com valores de mercado<br />

vigentes (market-to-market), ao passo que a contabilidade bancária se faz<br />

basicamente a partir de custos originais e valores pré-fixados; e<br />

os passivos bancários correspondem a depósitos à vista ou de prazos curtos,<br />

potencialmente voláteis e de valor (nominal ou real) pré-fixado. Já no caso dos<br />

intermediários não-bancários, o valor dos passivos não está fixado ex ante e<br />

acompanha as flutuações no lado dos ativos. Além disso, seus passivos podem<br />

ser parcialmente segurados via mecanismos de mercado.<br />

Em ambos os casos, os passivos são – ou podem ser – líquidos. Por isso<br />

mesmo, em princípio pelo menos, não há uma diferença intrínseca entre os dois<br />

tipos de intermediários quanto à possibilidade de combinar funções no sistema de<br />

pagamentos (serviços de transação) com a gerência de portfólios. Embora essa<br />

combinação seja uma marca registrada dos sistemas financeiros nos quais os bancos<br />

exercem papel de peso na gerência de portfólios (os “sistemas baseados no crédito”),<br />

Goodhart (1987a) observa que não é um monopólio inevitável dos bancos.<br />

Funções de pagamento são freqüentemente exercidas por instituições nãobancárias,<br />

como correios, empresas de cartões de crédito e, inclusive, instituições<br />

financeiras não-bancárias. Concretamente, fundos financeiros podem ser sacáveis<br />

Regulação bancária e redes de segurança financeira, Gilberto Tadeu Lima e Otavio Canuto, p. 56-71.<br />

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