27.08.2013 Views

Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

confrontacionista com Washington e o distanciamento do governo frente o<br />

radicalismo cubano e a intervenção militar soviética. Porém, o Executivo não<br />

compartilhava desta visão.<br />

5. O golpe<br />

No dia 8 de setembro de 1973, foi enviado à CIA, via Santiago, informe<br />

que discorria sobre as programações do golpe para o dia 10 de setembro, às<br />

8h30, contando com o apoio de todos os setores das Forças Armadas:<br />

Os marines norte-americanos já haviam se posicionado em Valparaíso, de<br />

forma a poder prestar apoio logístico se necessário. Nathaniel Davis, então<br />

embaixador norte-americano em Santiago, reuniu-se em 8 de setembro com<br />

Kissinger e afirmou que este lhe recebeu com a frase: “bem, o golpe no Chile<br />

já está em marcha!”, dando-lhe também instruções a respeito do coup d’Etat,<br />

que fora transferido para o dia 11 (Davis apud Verdugo, 2003, p. 108).<br />

Paralelamente, Allende preparava a convocação de um plebiscito para esse<br />

dia, no qual a população provavelmente exigiria sua retirada da presidência.<br />

Prats afirma, em suas memórias, que era contra o plebiscito, e advertiu o<br />

presidente que ele deveria se preocupar com um possível golpe. Prats propôs<br />

a Allende que deixasse o país na segunda-feira (10 de setembro), permanecendo<br />

um ano fora, com permissão do Congresso. Allende, entretanto, discordou, e<br />

confiava na lealdade de alguns generais, especialmente Leigh e Pinochet.<br />

No dia 9, Allende ordenou a Pinochet que elaborasse um plano de<br />

emergência em caso de golpe, sem saber que o general estava auxiliando na<br />

sua preparação. Um erro de visão de Allende fez com que consultasse Pinochet<br />

a respeito de seu discurso para o plebiscito na manhã de terça. O golpe, então,<br />

foi transferido para as 6 horas daquele dia. (Verdugo, 2003, p. 112). No dia<br />

10, uma mensagem da CIA chegou à embaixada dos EUA em Santiago e dizia<br />

“Uma tentativa de golpe se dará em 11 de setembro” (Idem, ibidem, p. 114).<br />

Na manhã de 10 de setembro, Allende recebeu duas notícias: a de que o<br />

Partido Comunista declarara o “perigo iminente de um golpe militar”; e que<br />

haviam saído, de Los Andes, dois caminhões com tropas rumo a Santiago.<br />

Allende, contudo, concentrou sua atenção no fato de a Marinha ter zarpado<br />

de Valparaíso para participar da Operação Unitas com os EUA. O presidente<br />

considerara essa notícia boa, pois demonstrava que, se houvesse um golpe,<br />

não seria com a totalidade das Forças Armadas, já que não havia relacionado<br />

os EUA ao mesmo. À noite, o porta-aviões chileno Esmeralda, que havia<br />

deixado Valparaíso para participar de uma manobra com navios norteamericanos,<br />

subitamente retornou ao seu porto, e a partir desse momento os<br />

planos golpistas foram postos em prática. Na manhã do dia 11, o almirante<br />

Merino colocou as tropas da Marinha nas ruas de Valparaíso, enquanto tropas<br />

do Exército, do regimento Maipo, saíam do quartel portenho.<br />

Às 6 horas soou o toque militar nos alto-falantes dos barcos da Esquadra.<br />

Allende ordenou a interdição da estrada para Santiago, bem como o envio de<br />

tropas por parte do Exército, já que acreditava que este lhe permanecia leal. O<br />

presidente falou por duas vezes ao rádio, quando foi interrompido por um<br />

122 Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(8), jan.<strong>2006</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!