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Número 8 - Janeiro 2006 - Faap

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crise, a esquerda obteve 44% dos votos, impossibilitando o golpe. Embora<br />

expressiva, tal votação demonstrou a minoria do governo diante de uma direita<br />

fortalecida e que já considerava a intervenção militar.<br />

Na visão de Verdugo (2003, p. 90), “foi o aumento eleitoral da UP em<br />

março de 1973 [...] que acelerou os preparativos do golpe militar”. Os EUA<br />

também se preocuparam, fato evidente em informes da CIA e um cabograma<br />

do novo chefe da estação da Agência no Chile (Ray Warren), sob o título “Eleições<br />

legislativas post-mortem”:<br />

“a estação deve enfatizar a ampliação de contatos, conhecimentos e capacidades,<br />

para provocar uma das seguintes situações:<br />

A. Um consenso entre os líderes militares (...) sobre a necessidade de atuar<br />

contra o regime (...) induzir a maior parte possível das Forças Armadas – ou sua<br />

totalidade – a tomar o poder e destituir o governo de Allende.<br />

B. Uma relação segura e significativa da estação com um grupo sério de golpistas<br />

[...] outros centros de poder político (partidos, comunidade empresarial, meios de<br />

comunicação)(...). Dados os resultados eleitorais, a estação crê que se deve buscar<br />

formar um clima de incerteza política e de crise controlada, para estimular os<br />

militares a considerar seriamente uma intervenção” (Idem, ibidem, p. 92, 93).<br />

A oposição reunificou-se na linha de um golpe militar. O clima de<br />

insegurança predominava, e o Parlamento aprovou um voto de falta de<br />

legitimidade do governo, uma espécie de convite à intervenção das Forças<br />

Armadas, enquanto grupos paramilitares intensificavam sua ação. Paralelamente,<br />

o Congresso aprovou uma lei de controle de armas, por meio da qual as Forças<br />

Armadas podiam agir, visando o controle do território chileno. Também se<br />

intensificam as reuniões do Comitê 40 e o financiamento de grevistas que<br />

causavam um clima caótico.<br />

Em 29 de junho de 1973, uma ala radical de oficiais lançou-se em uma<br />

tentativa precipitada de golpe, que ficou conhecida como “tanquetaço” (pois os<br />

tanques saíram às ruas, dirigindo-se à sede do governo). Os oficiais cercaram o<br />

Palácio de la Moneda, exigindo a renúncia de Allende. O presidente, contudo,<br />

pôde contar com seu ministro do Exército, general Carlos Prats, para neutralizar<br />

os golpistas. Prats foi uma peça-chave e era conhecido como um general<br />

constitucionalista, e, portanto, um obstáculo para o golpe. Um informe da CIA,<br />

de 7 de julho de 1973 afirmava que Prats deveria ser substituído por Manuel<br />

Torres, comandante da Quinta Divisão do Exército. Assim, os golpistas<br />

conseguiram substituir o general, que renunciou em 23 de agosto, em meio a<br />

diversos escândalos. Allende nomeou Augusto Pinochet, então comandanteem-chefe<br />

do Exército, para a função de ministro militar, a fim de estabelecer<br />

melhor diálogo com as Forças Armadas. De acordo com Verdugo (Idem, ibidem,<br />

p. 102), “não havia qualquer dado nos arquivos da inteligência chilena que<br />

fizesse desconfiar do seu profissionalismo e apego às leis.”<br />

Em 21 de agosto de 1973, outra remessa de US$ 1 milhão foi aprovada<br />

pelo Comitê 40 para as ações encobertas da CIA, apesar dos relatórios do ENI<br />

de 1971 a 1973 contestarem o alarde em relação a Allende. Os relatórios<br />

destacavam o seu comprometimento com a regra constitucional, seu perfil não-<br />

O primeiro 11 de setembro..., Fernanda Junqueira Hadura Albano, p. 112-124.<br />

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