Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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O caminho para a vantagem competitiva está dentro da organização e<br />
depende da adoção de estratégias competitivas que são limitadas pelos recursos<br />
produtivos que a firma possui, habilidades organizacionais, pelo tempo e<br />
pelas transformações estruturais do mercado.<br />
Essa visão, já abordada na seção anterior, é a adotada pela RBV, que sob<br />
uma perspectiva mais ampla pode ser alocada dentro do chamado pensamento<br />
estratégico. Aliás, a RBV deve receber os créditos pela recuperação, nos<br />
últimos anos, do prestígio do gerenciamento estratégico, perdido no fim<br />
dos anos 70 e início dos anos 80 (Mendonça, 2004). A RBV voltou sua<br />
atenção para o interior da firma para compreender por que as empresas são<br />
diferentes, e como sustentam sua vantagem competitiva via utilização dos<br />
recursos produtivos.<br />
Muito se fala sobre como definir vantagem competitiva, e no arcabouço<br />
teórico da RBV pode-se concluir essa busca: vantagem competitiva é a<br />
existência de renda econômica. Portanto, a sobrevivência das firmas está<br />
assentada nas diferenças (Porter e Montgomery, 1998), e será sustentável se<br />
a vantagem competitiva baseada na diferença continuar a existir após o término<br />
dos esforços para sua ampliação (Lipman e Rumelt apud Mendonça, 2004).<br />
A impossibilidade de se imitar o recurso produtivo é chave para a geração de<br />
renda econômica, e, conseqüentemente, de vantagem competitiva.<br />
Nesse ponto cabe retomar alguns pontos importantes: Penrose (1980)<br />
estende o conceito de recurso produtivo aos recursos intangíveis; Barney<br />
(1994) classifica os ativos produtivos em ativos de capital humano, financeiro,<br />
físico e organizacional –incluindo aí habilidades, processos organizacionais,<br />
informação e conhecimento.<br />
É interessante salientar que o conceito de recurso produtivo, que agora<br />
abarca inclusive os recursos intangíveis, dá um peso importante aos recursos<br />
baseados na informação e no conhecimento – recursos que residem no ser<br />
humano e estão classificados no grupo de custos variáveis, o que, segundo<br />
Marx, torna possível o valor comercial da produção se posicionar acima do<br />
preço ou custo da produção.<br />
A atenção se volta à tese da renda absoluta de Marx (1946) com a<br />
afirmação de que o valor da terra (ou do produto) poderá ser superior ao seu<br />
preço. Isso acontecerá se a composição orgânica do capital produtivo for<br />
baixa, ou seja, se a parte constituída pelo capital variável for<br />
proporcionalmente maior em relação ao capital constante, sempre em<br />
comparação com a composição orgânica média do capital da sociedade. O<br />
que parece bastante factível frente ao conceito estendido de recurso produtivo.<br />
É importante acrescentar ao estudo a distinção entre recurso produtivo<br />
e competência, também encontrada na literatura: segundo Makadok apud<br />
Mendonça (2004) e Grant, Amit e Schoemaker apud Mendonça (2004),<br />
recurso é um ativo observável não necessariamente tangível, que pode ser<br />
comercializado; o contrário de competência, que não é observável e se refere<br />
à capacidade da empresa de empregar os recursos e combiná-los usando<br />
processos organizacionais.<br />
Renda econômica e a vantagem competitiva..., Patricia Lopes Fonseca, p. 125-135.<br />
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