Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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literatura de mensuração de renda econômica. A seção de conclusão retoma as<br />
teses chaves de autores citados ao longo do artigo, e acrescenta algumas observações<br />
sob uma perspectiva crítica.<br />
1. O conceito de renda econômica<br />
David Ricardo foi pioneiro no estudo da renda econômica e conceituoua<br />
como a “porção do produto da terra paga ao seu proprietário pelo uso das<br />
forças originais e indestrutíveis do solo” (1996, p.49).<br />
Para melhor entendimento, Ricardo afirmava que os produtores das<br />
melhores terras, que ao longo da evolução da agricultura tornar-se-iam mais<br />
escassas, tinham vantagem sobre os produtores que cultivavam terras menos<br />
produtivas. Essa vantagem se manifestava na forma de uma produção excedente,<br />
que seria transferida aos proprietários da terra na forma de “rent of the land”,<br />
ou renda da terra. Essa transferência seria uma forma de pagamento pelo direito<br />
de utlização das forças originais do solo.<br />
Em seguida, Marshall (1893), em seu artigo On rent, estendeu esse<br />
conceito de excedente para além das fronteiras agrárias, dizendo ser aplicável<br />
a qualquer ato de troca de mercadoria regida pela lei da oferta e demanda.<br />
Toda e qualquer mercadoria, por um período maior ou menor no tempo, tem<br />
sua oferta limitada pelas circunstâncias.<br />
Marx (1946), por sua vez, apontou duas principais variáveis de influência<br />
na existência da renda econômica: (1) a utilização da força da natureza, que<br />
existe por si, não depende de trabalho para sua criação e é passível de ser<br />
monopolizada; (2) a possibilidade de diminuir os custos de produção com o<br />
emprego de mais capital (inversão de capital em níveis superiores se<br />
comparados ao da inversão média feita na produção da sociedade). Em relação<br />
ao efeito do emprego de mais capital, Marx conclui que a ação desse capital<br />
sobre a produtividade tende a se anular no longo prazo, visto que a<br />
competência entre os capitais tende a se igualar ao longo do tempo, o que<br />
não ocorre com as forças da natureza inseparáveis do solo capazes de atribuir<br />
produtividade natural ao trabalho.<br />
Seja por influência de uma variável ou de outra, o produtor mais eficiente<br />
tem o custo individual menor que o custo médio da produção da sociedade.<br />
Dado que o preço de mercado é regulado pela unidade marginal produzida<br />
em condições de menor produtividade, o produtor obtém um excedente,<br />
ou renda econômica, proveniente da diferença entre o custo individual e o<br />
custo médio de mercado.<br />
Além dessa diferença entre o custo individual e o custo médio da produção<br />
da sociedade, denominada renda econômica, Marx aponta a existência de um<br />
descolamento do custo da produção individual e do seu valor comercial,<br />
fenômeno este dirigido pela composição orgânica do capital produtivo: quanto<br />
maior a participação do capital variável frente ao capital constante, maior será<br />
o preço ou o valor comercial da produção, pois emprega mais trabalho, passível<br />
de gerar um montante maior de mais-valia, e, portanto, um lucro maior que o<br />
lucro extraído do capital médio da sociedade.<br />
126 Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(8), jan.<strong>2006</strong>