Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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elações internacionais e, em particular, das relações Norte-Sul, considerando<br />
adequadamente as dimensões políticas, sociais e econômicas destas. Não adiantava<br />
estudar a cooperação ao desenvolvimento concentrando exclusivamente o foco<br />
nos interesses nacionais dos doadores minimizando os fatores econômicos, como<br />
faziam os realistas, nem analisar só os fluxos, magnitudes e processos puramente<br />
econômicos esquecendo a dimensão política como faziam os teóricos com uma<br />
visão economicista. Contudo, os autores da EPI reconhecem a importância dos<br />
enfoques anteriormente citados, pois, como afirma Björn Hettne, “eles criaram<br />
a massa crítica suficiente para desenvolver uma das linhas mais frutíferas na<br />
disciplina das Relações Internacionais desde os anos 80: a EPI que aborda as<br />
conexões entre a política e a economia nas Relações Internacionais” 17 .<br />
Avançando um passo mais, para esses autores a análise do fenômeno da<br />
ajuda, além dos objetivos declarados oficialmente por ela, pode revelar novas<br />
dimensões sobre o seu papel na economia política internacional, por exemplo,<br />
como mecanismo de estabilização e posterior difusão de valores cruciais na ordem<br />
hegemônica mundial. Podemos mencionar como autores destacados desta<br />
corrente teórica Robert Gilpin e Susan Strange 18 .<br />
Conclusões<br />
É impossível no curto espaço de um artigo apresentar em profundidade<br />
todas as dinâmicas, atores e tendências que compõem este mosaico multifacetado<br />
que conhecemos com o nome de Sistema Internacional de Cooperação ao<br />
Desenvolvimento. Porém, ficam registrados os elementos mais importantes do<br />
mesmo e as diferentes tentativas de fundamentá-lo teoricamente, seja no âmbito<br />
da Teoria Econômica, seja no da Teoria das Relações Internacionais. Apenas se<br />
mostrou a ponta de um iceberg, de um vasto campo de estudos que tem, além<br />
da dimensão teórica, uma aplicabilidade prática que não pode por mais tempo<br />
ser desconhecida na comunidade brasileira das Relações Internacionais. A<br />
cooperação ao desenvolvimento oferece ótimas oportunidades aos estudantes,<br />
pesquisadores e professores dos cursos de Relações Internacionais que, com<br />
desigual fortuna vão se espalhando pelo Brasil, mas que continuam sem incluir<br />
nas grades curriculares este apaixonante tema de estudo.<br />
Esta necessidade torna-se ainda mais urgente se pensamos que o Brasil<br />
está começando a superar seu perfil de país beneficiado pelos fluxos de ajuda<br />
internacional ao desenvolvimento para construir um perfil diferente como país<br />
doador. As recentes iniciativas do governo brasileiro para perdoar a dívida externa<br />
dos países mais pobres vão sem dúvida nessa linha. Ainda podem mencionar-se<br />
os projetos de cooperação do Brasil na África lusófona ou no Timor Leste, sem<br />
esquecer das perspectivas de triangulação de projetos Brasil-Espanha-Bolívia na<br />
17 HETTNE, B. Development Theory and the Three Worlds: Towards an International Political Economy<br />
of Development, Harlow: Longman, 1995, p.149.<br />
18 GILPIN, R. La economía política de las relaciones internacionales. Buenos Aires: GEL, 1990; STRANGE,<br />
Susan. States and Markets. An Introduction to International Political Economy. London: Pinter, 1988;<br />
STRANGE, S. Political Economy and International Relations. In: BOOTH, K. and SMITH, S. (eds).<br />
International Relations Theory today. Cambrigde: Polity Press, 1995.<br />
O Sistema Internacional de Cooperação ao Desenvolvimento...., Bruno Ayllón, p. 5-23.<br />
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