Número 8 - Janeiro 2006 - Faap
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“taxa do pecado”, de US$ 3 em cada maço, como um forte incentivo econômico<br />
ao abandono do vício. Um incentivo social é a proibição do fumo em<br />
restaurantes. E a afirmação do governo norte-americano de que terroristas<br />
angariam fundos com a venda de cigarros no mercado negro funciona como<br />
um rigoroso incentivo moral.<br />
Alguns dos temas que os autores abordam são inusitados. Como se organizam<br />
as gangues criminosas? Como os professores falseiam os resultados dos exames de<br />
seus alunos, com o objetivo de reforçar a sua imagem de profissionais competentes?<br />
O que é mais perigoso: uma arma ou uma piscina? Qual a semelhança entre a Ku<br />
Klux Klan e os corretores de imóveis? Os autores estudaram a linguagem e o<br />
comportamento dos corretores de imóveis, e a postura de homens e mulheres em<br />
sites de encontros na Internet. Nem sempre o corretor que está tentando vender<br />
o seu apartamento está do seu lado. Muitas vezes ele trabalha a favor de algum<br />
potencial comprador, pois deseja vender rapidamente o imóvel, e o custo-benefício<br />
de achar o comprador ideal e o melhor preço não justifica um esforço maior de<br />
sua parte e um tempo maior de espera, dado o valor da comissão (no caso norteamericano,<br />
em torno de 2% a 3% do valor do imóvel).<br />
Professores trapaceiam? Os lutadores de sumô também. Velhas estratégias<br />
conhecidas no mundo do boxe, onde acordos espúrios são fechados com o<br />
intuito de reforçar a imagem de determinado lutador e, conseqüentemente,<br />
inflar as bolsas de apostas, são adotadas também no sumô. Mas por que o nosso<br />
espanto? Porque foi criada uma imagem de quase santidade desse esporte no<br />
Japão. Ele é mais que o esporte nacional, e mescla sentimentos religiosos, militares<br />
e históricos. Diz-se que o sumô envolve mais do que uma competição, incluindo<br />
a própria honra. Levitt e Dubner dissecam o código dessas competições, o<br />
esquema de classificação dos atletas no ranking, os torneios que se realizam ao<br />
longo do ano, o número de vitórias necessárias para um bom desempenho etc.<br />
E mostra uma divisão nessa estrutura piramidal que separa os atletas de elite da<br />
massa dos demais lutadores, que servem a esses superiores como empregados<br />
domésticos. Ou seja, uma boa posição no ranking afeta de forma significativa a<br />
vida dos lutadores. Daí para a trapaça, que pode garantir uma colocação<br />
privilegiada nessa estrutura, é um passo. Assim como a Máfia italiana, a Yakuza<br />
participa ativamente desse esquema.<br />
Crianças com nomes “étnicos” têm seu destino comprometido por eles?<br />
Mostra-se que sim. Quais as razões que fizeram seus pais dar-lhes tais nomes,<br />
que ficam colados como rótulos e definem seu destino, influenciando seu<br />
desempenho escolar e suas chances de sucesso profissional? Por que traficantes<br />
de drogas, que supomos ser bem-sucedidos financeiramente (mais uma sabedoria<br />
convencional), ainda vivem com seus pais? Por meio da descrição detalhada da<br />
estrutura organizacional e do funcionamento de uma gangue de traficantes, os<br />
autores respondem a essa questão, utilizando, entre outros, um dos conceitos<br />
básicos da Economia – o da oferta e demanda. “Quando há muita gente disposta<br />
e apta a desempenhar uma função, raramente esse trabalho paga bem. Este é um<br />
dos quatro fatores que determinam um salário, sendo os outros a especialização<br />
que um emprego requer, a insalubridade que o caracteriza e a demanda pelos<br />
148 Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(8), jan.<strong>2006</strong>